Arquidiocese de Braga -

17 julho 2020

Conheça a história dos novos Sacerdotes do Arciprestado de Braga

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Arciprestado de Braga

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“Eu sou o Bom Pastor; O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” Jo 10, 11

João Carlos Machado Castro, 33 anos, natural da paróquia de S. Martinho de Quinchães, arciprestado de Fafe.


 "O lema que eu escolhi abraçar foi “Eu sou o Bom Pastor; O Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10, 11). Jesus afirma: “Eu sou o Bom Pastor” e apresenta-nos as suas características, não só como pastor, mas como a “porta” por onde se entra no rebanho (cf. v. 8) e deixa bem vincado a atitude de servo do pastor, que deve dar a vida pelas suas ovelhas. Também, o bom pastor ouve o rebanho, guia o rebanho, cura o rebanho. E o rebanho sabe distinguir os pastores, não erra: o rebanho confia no bom pastor, confia em Jesus. Só o pastor que se assemelha a Jesus dá confiança ao rebanho, porque Ele é a porta. O estilo de Jesus deve ser o estilo do pastor. Não há outro! Neste momento que se aproxima da minha ordenação presbiteral, sinto que me devo configurar com Cristo, Bom e Belo Pastor, nesta necessidade de me entregar cada vez mais a Ele e escutar a Sua voz. Escutar a Sua Voz, servindo o Seu povo, escutando as suas dores, curando as suas feridas, partilhando tristezas, conquistas e alegrias. Ser padre nos dias de hoje é ir ao encontro dos outros, é ser capaz de construir pontes nas relações, é estar disponível para a escuta. Desta forma, quero me entregar de corpo e alma ao projeto que Deus tem para mim, ir ao encontro das ovelhas perdidas e ser um com elas, fazendo-me também uma delas, de forma a configurar-me a Cristo, porque “o Bom Pastor dá a vida pelas suas ovelhas” (Jo 10,11). "


“Nada nos separará do Amor de Deus” (Rom 8,35-39)

Pedro Sousa, 24 anos, natural da paróquia de Ronfe, arciprestado de Guimarães-Vizela.

"Deus é Amor. Nunca se tinha dito tanto de Deus em tão pouco. Nunca se tinha dito tanto do Amor. A nossa imperfeição, a fragilidade e a nossa história não são um impedimento à acção de Deus em nós! Por isso, no Cristianismo, a questão fundamental não é a tentativa de perseverar sobre o mal para chegar até Deus, mas fazer a experiência do amor de Deus, que nos acompanha na nossa história pessoal, marcada de limites e fragilidades. E aí, na situação concreta de cada um, ficar de boca aberta diante de um Deus que nos ama e nos alcança na nossa fragilidade. Sim, porque nada nos separará do Amor de Deus! Assim, são fulgurantes as palavras que o poeta Daniel Faria nos escreve: “não recuses nenhum dos teus limites, só eles dizem a grandeza do que tens. Creio que o mais egoísta dos homens é aquele qu recusa dar os outros a sua fragilidade e as suas limitações.(…) Querendo-se sem falha, será o mais incompleto dos seres”. O Amor de Deus é actual. Somos amados por Deus por mais débeis que possamos ser. Deus ama-nos assim! A nossa dignidade e a nossa grandeza não residem naquilo que fazemos ou produzimos, não dependem dos aplausos ou do sucesso que o nosso empenhamento obtém, mas exclusivamente do facto de que somos amados. A alguns dias de ser ordenado, é esta Igreja que eu amo que confirma o meu desejo e escolhe-me para ser ordenado. O saber-me escolhido é o que mais me liberta. Serei ordenado para o anúncio do Evangelho, sinal de que aceito pôr a minha vida em Ordem a isso. Não imagino este anúncio do Evangelho senão como Igreja! Uma Igreja em permanente descoberta de si mesma, feita de Comunidades de pessoas que nunca chegam a ser perfeitas, mas também nunca se dão por acabadas. Acredito que na missão do Padre o ser-para-Deus realiza-se sempre no ser-com-epara-os-outros. O padre vive mergulhado em Deus e comprometido no mundo. Não há outro modo de amar a Deus sem amar aqueles que Ele mesmo nos ofereceu como um presente! Aliás, as perguntas e as respostas de Deus à nossa vida são sempre Pessoas: é assim que Deus actua na nossa história e Se mostra comprometido com o nosso mundo, suscitando Pessoas que são para o mundo autênticos Presentes de Deus."


O Senhor é meu Pastor: nada me falta” Sl 23, 1

Manuel José Sousa Torre, 26 anos, natural da paróquia de Santa Eulália de Balasar, arciprestado de Vila Conde / Póvoa de Varzim

"A figura do sacerdote foi-me sempre tão cativante quanto misteriosa. Nem sempre pensei em ser padre. Contudo, cria ser vital haver quem se desse à semelhança de Cristo para O tornar presente no mesmo. Inicialmente, recusei a ideia. Todavia, a inquietação ia persistindo. Deus chamava. Tentei ignorar. Mas o seu amor falou mais alto. Ele venceu! Procurei, então, o meu pároco e aconselhou-me a frequentar o pré-seminário. Aqui, percebi que o seminário não era para pessoas fora do comum, mas normalíssimas, que colocavam esta pergunta: “Senhor, que queres que eu faça?”. Já no decorrer do tempo do seminário, no discernimento, feito oração, da pergunta supracitada, com o tempo e a oração, comecei a conformar a minha vontade com e na d’Ele: “Queira eu, Senhor, o que tu queres”! Creio que o mote sacerdotal por mim escolhido sintetiza muito daquilo que penso ser o sacerdócio e do modo como o quero viver! O salmista exclama: “O Senhor é meu Pastor: nada me falta” (Sl 23, 1)! Em primeiro lugar, antes de sermos pastores no Pastor, participantes do sacerdócio de Cristo, somos ovelhas tão carentes do Mestre como todas as outras. Recorda-me, humildemente, que sou apenas instrumento da sua graça, não o Pastor e que, para ser fiel a tão sublime dom, só na relação estreita, de quem experimenta ser sua ovelha, pode conduzir as demais até ao seu caloroso colo. Em segundo lugar, este é para mim o maior conforto e segurança que posso ter na minha vida. Todo salmo, de um modo poético, é expressão de um carinho e um amor ímpar. Tomo consciência, a cada dia, como sou carente d’Ele, do seu amor, da sua graça e sei, pela fé, que nas tribulações e dificuldades Ele estará sempre a meu lado, garantindo que nada me falta! E, agora, aqui me encontro, prestes a ser ordenado presbítero, com a mesma força e o encanto da primeira hora, em que respondi positivamente ao Senhor, dizendo: “Eis-me aqui Senhor, para fazer a vossa vontade”! (cf. Heb 10, 9)


“O Senhor é a minha força e a minha proteção, a Ele devo a minha liberdade” Ex 15,2

Miguel Neto, 34 anos, natural de S. Martinho de Dume, arciprestado de Braga

"Escolhi este lema, porque nele revejo muito do caminho percorrido ao longo da vida para chegar à ordenação presbiteral. A ordenação não é uma meta; é um marco, muito relevante é certo, na globalidade de um processo de entrega e configuração a Cristo. Esse processo não está terminado, nem nunca estará totalmente, pelo que agora continua, ainda que seja chamado a servir a Igreja de um modo diferente: como padre. O Senhor é a força que impele a caminhar e razão de ser da missão; sem Ele, essa missão é vazia e mera busca de si mesmo. É protecção porque nos ampara continuamente com a Sua providência misericordiosa. Tudo isto em liberdade, porque nunca nos força a nada; pelo contrário, a entrega em obediência e despojamento de si é totalmente libertadora, dado que nos predispõe para amar. Isto não anula a nossa vulnerabilidade, mas é nessa vulnerabilidade que o Senhor actua e nos capacita para os desafios da missão. Ser ordenado padre é um desafio à minha capacidade de me fazer pequeno e humilde e servir os irmãos. A ordenação é um grande dom que Deus me concede. Para ser fiel a esse dom, sou chamado a partilhá-lo com todos aqueles com quem contactar. O tempo que vivemos está claramente marcado pela pandemia. É um tempo desafiante que traz responsabilidades acrescidas a todos os membros da Igreja. Como futuro presbítero considero que a vida de todas as pessoas, e de um modo particular a dos padres, será marcada, daqui para a frente, pelas consequências da pandemia, pelo que somos todos chamados a colaborar na construção de um mundo diferente, de modo a que nele se vislumbrem os sinais do Reino. Não será fácil mas, na comunhão de vontades, na busca da vontade do Pai, que os padres são chamados a estabelecer nas comunidades às quais são enviados, tudo será possível."