Arquidiocese de Braga -
12 abril 2021
Cardeal Pietro Parolin preocupado com a união da Igreja
DACS com La Croix International
Secretário de Estado assumiu preocupação com divisões que têm abalado a Igreja e com a perda de fé na Europa.
O Cardeal Pietro Parolin, escolhido pelo Papa Francisco em 2013 para Secretário de Estado do Vaticano, admitiu que está profundamente preocupado com as divisões da Igreja Católica.
“Quem vê a situação da Igreja hoje tem que estar preocupado com essas coisas”, disse à estação de rádio católica espanhola COPE, numa entrevista transmitida a 5 de Abril.
“Cristo orou pela unidade da Igreja. Há motivo para preocupação”, observou o italiano de 66 anos que é frequentemente mencionado como um possível futuro Papa. Parolin falou abertamente sobre “divisões” e “oposição” no mundo católico, mas advertiu que usar categorias políticas como “direita” e “esquerda” para descrever uma realidade eclesial estava a causar “muitos danos à Igreja”.
“Tudo o que está a ser feito está a ser feito para assegurar uma vida normal à Igreja na China”
Os comentários do Secretário de Estado vieram poucos dias depois de o Cardeal Raniero Cantalemessa, pregador oficial da Casa Pontifícia desde 1980, ter feito uma homilia contundente sobre as divisões na Igreja durante o culto de Sexta-Feira Santa na Basílica de São Pedro.
Perante o Papa, os cardeais que viviam em Roma e membros da Cúria Romana, o frade capuchinho de 86 anos fez um apelo à unidade da Igreja. Enquanto isso, o cardeal Parolin também falou sobre a situação da Igreja na China durante a entrevista à rádio espanhola.
Como principal diplomata do Vaticano, tem sido um dos mais fervorosos defensores do acordo China-Santa Sé sobre a nomeação de bispos, uma versão experimental que foi prorrogada por dois anos em Outubro de 2020.
“Tudo o que está a ser feito está a ser feito para assegurar uma vida normal à Igreja na China”, insistiu o cardeal.
“Não se pode viver na Igreja Católica sem a comunhão com o sucessor de Pedro”, disse Parolin, reconhecendo, no entanto, que o acordo “não resolveu todos os problemas que ainda existem e provavelmente demorarão muito a serem resolvidos”.
Os primeiros séculos da Igreja
Voltando-se para a situação da Igreja na Europa, o cardeal do norte de Itália disse estar entristecido e preocupado. "Sinto profundamente a perda da fé na Europa, na nossa cultura, nos nossos países", confessou, mencionando as “mudanças antropológicas que estão a ocorrer”.
Parolin disse ainda acreditar que o Velho Continente está a passar por "uma perda de razão".
“Hoje em dia não podemos impor nada, mas devemos oferecer um testemunho coerente e credível de vida cristã”, afirmou.
O Cardeal Parolin argumentou que a situação vivida actualmente é semelhante aos primeiros séculos da Igreja, quando os apóstolos e os primeiros discípulos chegaram a uma sociedade que não tinha valores cristãos.
“Mas, graças ao testemunho das primeiras comunidades, conseguiram mudar a mentalidade e introduzir os valores do Evangelho na sociedade daquela época”, sublinhou.
Artigo de Loup Besmond de Senneville, publicado no La Croix International a 9 de Abril de 2021.
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