Arquidiocese de Braga -

20 setembro 2021

Omella: “Talvez alguns prefiram um Papa mais beligerante, mas as pessoas entendem Francisco”

Fotografia Diocese de Córdoba

DACS com Vida Nueva Digital

Presidente da Conferência Episcopal Espanhola exorta toda a sociedade a viver a cultura do encontro: “Esta é a posição da Igreja hoje. Há que esgotar sempre todos os canais de diálogo”.

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O cardeal Juan José Omella, arcebispo de Barcelona e presidente da Conferência Episcopal Espanhola, numa entrevista a Enric Juliana no La Vanguardia, propõe uma evangelização com “ardor” no “avançado processo de secularização” vivido pelas “sociedades europeias”, ainda que haja “rebentos que enviam um sinal de esperança”.

 

Falta de diálogo

No que diz respeito às relações com o Governo, Omella destaca o acordo com o “registo dos bens da Igreja” durante o tempo da Vice-Presidente Carmen Calvo e o primeiro encontro com o novo Ministro da Presidência, Félix Bolaños.

Enquanto aguarda o encontro com a nova Ministra da Educação, Pilar Alegría, destaca a colaboração com a situação em Ceuta ou o acolhimento dos refugiados afegãos.

Situações que não escondem, para o purpurado, que “neste país, com tudo o que aconteceu durante a pandemia, faltou diálogo, faltou diálogo com toda a sociedade”.

Trazendo ao diálogo a questão dos perdões para os presos políticos catalães, D. Omella lembra que “o episcopado não falou directamente sobre os perdões”.

“São necessárias mais pontes”, afirma o cardeal. “Já sei que, em algumas questões, principalmente de cunho moral, não vamos coincidir com o actual governo, mas queremos que nos ouçam”, ressalta, apontando o legado do Vaticano II e de Papas como Francisco que apelam à “cultura do encontro”.

“Esta é a posição da Igreja hoje. Há que esgotar sempre todos os canais de diálogo”, apela. “Há muita tensão nesta sociedade e não apenas tensão política. Há tensão em muitos planos. Há tensão também na esfera familiar e privada. Esta é uma sociedade com muitas feridas para fechar”, lamenta.

 

Uma "bomba social"

“Detecto um grande carinho pelo Papa. Conheci pessoas que me disseram que Francisco os reconciliou com a Igreja”, sublinha, ao avaliar as possíveis críticas ao Papa por parte da Igreja ou da política.

“O Papa é um homem com posições éticas claras, que fala ao coração das pessoas. Talvez alguns prefiram um Papa mais beligerante, mas as pessoas entendem Francisco. «Eu entendo», dizem-me nas cidades onde fui padre”, afirmou.

Lembrando o impacto da pandemia, reconhece que há uma desorientação.

“Existe uma questão crucial que é a família, a célula básica da sociedade. A família está a ser vista de outra perspectiva. São poucos os nascimentos, a sociedade está a envelhecer. Além disso, há muitas pessoas que perderam os empregos e que terão muita dificuldade em encontrar trabalho. Há muitas empresas que fecharam e não vão reabrir”, observou.

“Diante disso, o cardeal alerta que “há uma bomba social que pode explodir se a ajuda não for bem administrada”.

Artigo original de Mateo González Alonso, publicado em Vida Nueva Digital a 20 de Setembro de 2021.