Arquidiocese de Braga -
23 novembro 2021
Papa Francisco partilha oito Bem-Aventuranças para os bispos, oferecendo um modelo para o pastor do século XXI
DACS com America
Bem-aventuranças também destacam as tentações enfrentadas pelos bispos, como a busca pelo poder e um estilo de vida confortável.
O Papa Francisco entregou um texto intitulado “As Bem-aventuranças do Bispo” a todos os bispos italianos reunidos em assembleia plenária em Roma. O texto fornece encorajamento e orientação pastoral não apenas aos bispos italianos, mas aos mais de 5.000 bispos católicos que existem hoje em todo o mundo.
O Vaticano divulgou o texto depois de o Papa Francisco ter entregue um cartão com uma imagem do Bom Pastor e o texto “As Bem-Aventuranças do Bispo” a cada um dos mais de 200 bispos presentes na sessão de abertura da Assembleia Plenária Conferência Episcopal da Itália a 22 de Novembro, que está a ser realizada num hotel em Roma. Francisco foi do Vaticano até ao hotel para falar aos bispos e foi recebido à sua chegada pelo presidente da conferência, o cardeal Gualtiero Bassetti.
Originalmente, pensou-se que Francisco havia escrito o próprio texto, mas mais tarde ficou claro que o texto foi escrito pelo arcebispo de Nápoles, Domenico Battaglia, que o usou pela primeira vez na ordenação de três novos bispos daquela diocese numa homilia a 31 de Outubro. O Papa tomou conhecimento do texto e tornou-o seu, imprimindo-o num cartão e entregando-o a cada um dos bispos italianos.
É inspirado nas oito bem-aventuranças dadas por Jesus no Sermão da Montanha, conforme narrado no capítulo 5 do Evangelho de São Mateus. Ao dar-lhe tal visibilidade, Francisco deseja claramente fornecer orientação prática e inspiração aos bispos em todo o mundo e aos homens que se tornarão bispos no futuro.
As bem-aventuranças do bispo são desafiantes e muito ao estilo de Francisco. Oferecem um retrato de como deve ser um pastor no século XXI, num mundo onde existe tanta pobreza, injustiça, conflito, sofrimento e fragilidade humana. São um apelo a servir e sujar as mãos, a enxugar as lágrimas e trabalhar pela justiça, paz e reconciliação, para encontrar o bem mesmo nas piores situações e para trabalhar para construir a fraternidade no mundo de hoje.
Estas bem-aventuranças também destacam as tentações enfrentadas pelos bispos, como a busca pelo poder e um estilo de vida confortável.
“As Bem-aventuranças do Bispo”
1. Bem-aventurado o bispo que faz da pobreza e da partilha o seu estilo de vida, porque com o seu testemunho está a edificar o reino dos céus.
2. Bem-aventurado o bispo que não teme regar o rosto com lágrimas, para que nelas se reflitam as dores do povo, os labores [fadiga] dos sacerdotes, [e] quem encontra no abraço daquele que sofre a consolação de Deus.
3. Bem-aventurado o bispo que considera o seu ministério um serviço e não um poder, fazendo da mansidão a sua força, dando a todos o direito de cidadania no seu próprio coração, para habitar a terra prometida aos mansos.
4. Bem-aventurado o bispo que não se fecha nos palácios do governo, que não se torna um burocrata mais atento às estatísticas do que aos rostos, aos procedimentos do que às histórias [das pessoas], que procura lutar ao lado das pessoas pelo sonho da justiça de Deus porque o Senhor, encontrado no silêncio da oração quotidiana, será o seu alimento.
5. Bem-aventurado o bispo que tem coração pela miséria do mundo, que não teme sujar as mãos com o lodo da alma humana para aí encontrar o ouro de Deus, que não se escandaliza com o pecado e a fragilidade do outro porque tem consciência da própria miséria, porque o olhar do Crucificado Ressuscitado será para ele o selo do perdão infinito.
6. Bem-aventurado o bispo que afasta a duplicidade de coração, que evita toda a dinâmica ambígua, que sonha o bem até no meio do mal, porque poderá desfrutar da face de Deus, encontrando-a em cada poça da cidade das pessoas.
7. Bem-aventurado o bispo que trabalha pela paz, que acompanha os caminhos da reconciliação, que semeia no seio do presbitério a semente da comunhão, que acompanha uma sociedade dividida no caminho da reconciliação, que leva pela mão todos os homens e mulheres de boa vontade para construir a fraternidade: Deus irá reconhecê-lo como seu filho.
8. Bem-aventurado o bispo que pelo Evangelho não teme ir contra a maré, endurecendo o seu rosto como o de Cristo a caminho de Jerusalém, sem se deixar deter por mal-entendidos e por obstáculos porque sabe que o Reino de Deus avança em contradição com o mundo.
Artigo de Gerard O’Connell, publicado em America a 22 de Novembro de 2021.
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