Arquidiocese de Braga -

23 fevereiro 2022

Primeiro medalhista olímpico do Burkina Faso queria ser padre

Fotografia DR

DACS com La Croix International

Hugues Fabrice Zango, que ganhou uma medalha de bronze nos Jogos de Verão de 2021 em Tóquio, falou com o “La Croix Africa” ​​sobre a sua fé católica.

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Burkina Faso, o país da África Ocidental que conquistou a independência da França em 1960, nunca tinha conquistado nenhuma medalha nas Olimpíadas.

Isso mudou a 5 de Agosto de 2021, quando Hugues Fabrice Zango subiu ao pódio em Tóquio para receber a medalha de bronze pelo seu triplo salto nos Jogos de Verão.

Ele não foi apenas o primeiro medalhista olímpico de Burkina Faso, mas também o primeiro africano a ganhar um prémio nos Jogos de Verão.

O recorde do campeão de 28 anos já é impressionante, apesar da sua entrada tardia no desporto profissional aos 18 anos.

No Campeonato Mundial em Doha, Qatar, em 2019, também ganhou a medalha de bronze e bateu o recorde mundial indoor em Janeiro de 2021 com um salto de 18,07 metros.

 

“A minha fé católica deu-me esperança”

Zango cresceu como católico, recebendo todos os sacramentos da iniciação cristã desde criança.

Participou de grupos e associações católicas, primeiro como acólito, depois na Juventude Estudantil Católica, onde ocupou cargos de responsabilidade por três anos.

“Fui aspirante ao sacerdócio”, confessa.

“Todas essas experiências tornaram-me a pessoa que sou hoje. A fé em geral deu-me esperança, e essa esperança manifestou-se no desporto, onde é preciso ser extremamente paciente para obter resultados”, diz o atleta estrela.

 

“O meu corpo exige maior desempenho”

A cidade natal de Zango é Ouagadougou, capital de Burkina. Foi aí que desenvolveu a sua paixão pelo triplo salto. Mas foi enquanto fazia projectos universitários de engenharia eléctrica em França que impressionou com o seu desempenho.

“Eu tinha um projecto duplo: desporto e estudos”, explica.

“Os dois projectos eram muito importantes para mim e eu não queria deixar o desporto pelos estudos e vice-versa. Foi preciso muita organização e sacrifício, principalmente porque cheguei um pouco tarde ao atletismo”, o diz o atleta-estudante de 1,80 metros.

“Foi com muito esforço, suor e sangue. Tive de me recuperar de muitas lesões, dormir tarde para poder estudar para as provas. Há muitos sacrifícios que tive que fazer”, sublinha.

Apesar de todas as suas conquistas, incluindo o recorde mundial indoor, Zango está a procurar fazer ainda melhor.

“O meu corpo exige mais desempenho e mais resultados, então ainda há um longo caminho a percorrer para alcançar o ideal que estabeleci para mim nesta disciplina e a excelência que quero alcançar neste campo”, afirma.

 

“O meu futuro será simplesmente radiante”

O campeão, que também está a fazer um doutoramento em Engenharia Eléctrica, dá algumas chaves para a busca de excelência.

“Como em qualquer carreira, alcançar a excelência exige uma certa disciplina, rigor e sacrifício”, diz.

Zango diz que é ao manter a esperança de que as coisas vão correr bem, mesmo sabendo que muitos desafios o aguardam.

Crente e trabalhador, Zango acredita que todas as experiências que já adquiriu lhe permitirão superar todas os obstáculos que surgirão no futuro.

“Acho que o meu futuro será simplesmente radiante”, prevê com um sorriso.

 

Artigo de Kamboissoa Samboé, publicado no La Croix International a 18 de Fevereiro de 2022.