Arquidiocese de Braga -

4 março 2022

Como é que os veganos vivem a Quaresma?

Fotografia Anna Pelzer / Unsplash

DACS com Vida Nueva Digital

O jejum e a abstinência são algumas das práticas tradicionais deste tempo litúrgico penitencial e envolvem mais do que apenas não comer carne.

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Os ginásios propõem o jejum intermitente e o movimento vegetariano e vegano incentiva a redução total do consumo de carne, algo que é percebido até em muitas hamburguerias e restaurantes importantes.

Estas tendências estão em sintonia com alguns dos elementos característicos da Quaresma, como o jejum e a abstinência. Mas, será mais fácil para um vegano viver este tempo litúrgico penitencial? Talvez tenha que procurar alternativas…

Seguindo uma prática imemorial, “todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência; para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência, prescrevem-se os dias de penitência em que os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abstinência”, indica o cânone 1.249 do Código de Direito Canónico.

 

Jejum e abstinência

Assim, especificamente, estabelece-se que se guarde “a abstinência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abstinência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo.” (cânone 1251). Também estabelece que “estão obrigados à lei da abstinência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos.” (cânone 1.252).

A privação de carne também é estabelecida no caso da Conferência Episcopal Espanhola através de um decreto de 21 de Novembro de 1986 no qual convidam os fiéis a viverem penitência externamente “nas várias práticas a seguir indicadas relativas às sextas-feiras do ano, em iniciativas de caridade e ajuda aos mais necessitados, realizadas como comunidade cristã através de paróquias, Cáritas ou outras instituições semelhantes”.

Além disso, recorda-se que “a Quarta-feira de Cinzas, início da Quaresma, e a Sexta-feira Santa, memória da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo, são dias de jejum e abstinência. As outras sextas-feiras da Quaresma são também dias de abstinência, que consiste em não comer carne, segundo a antiga prática do povo cristão. É também aconselhável e louvável que, para manifestar o espírito de penitência próprio da Quaresma, os fiéis se privem de despesas supérfluas, como comidas ou bebidas caras, espectáculos e diversões”. Aqui está uma alternativa para quem não supõe uma privação a abstinência de carne.

Além disso, o decreto recomenda que “nas restantes sextas-feiras do ano, a abstinência pode ser substituída, de acordo com o livre arbítrio dos fiéis, por qualquer uma das seguintes práticas recomendadas pela Igreja: leitura da Sagrada Escritura, esmolas (no valor que cada um considere em consciência), outras obras de caridade (visitar doentes ou aflitos), obras de piedade (participação na santa missa, recitação do rosário, etc.) e mortificações corporais”.

Artigo de Mateo González Alonso, publicado em Vida Nueva Digital a 3 de Março de 2022.