Arquidiocese de Braga -

10 março 2022

Decálogo para uma democracia saudável, segundo D. Juan José Omella

Fotografia

DACS com Vida Nueva Digital

O presidente dos bispos espanhóis elaborou um roteiro baseado na “Fratelli Tutti” com um “diálogo respeitoso e autêntico” como bandeira.

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O cardeal Juan José Omella não tem dúvidas de que é possível “recuperar uma democracia sadia ao serviço da dignidade da pessoa e do bem comum da sociedade”.

Tanto que, durante a abertura do II Congresso Igreja e Democracia promovido pela Fundação Pablo VI, apresentou um decálogo para cuidar dela, “meditado a partir da Fratelli Tutti e do magistério recente do Papa Francisco”.

O Vida Nueva reproduziu textualmente estes dez conselhos do presidente da Conferência Episcopal Espanhola, que aqui traduzimos:

 

1. Não há democracia que dure no tempo sem uma boa política e bons políticos. A democracia não é eterna, se for corrompida é destruída.

2. Não há democracia que sobreviva se não houver justiça social. É essencial atacar a crescente pobreza e a desigualdade económica com todas as ferramentas possíveis.

3. A democracia morre quando deixa de promover uma economia ao serviço de pessoas que administram os recursos de forma eficaz e eficiente, enfrentando a crescente pobreza e a desigualdade social, que são o terreno fértil para o populismo que destrói a democracia.

4. A democracia é complexa e, portanto, requer a participação, o envolvimento, o esforço e a paciência dos políticos e também de todos os cidadãos. É um modo de vida familiar de que devemos cuidar e respeitar entre todos para que não seja pervertido ou destruído.

5. Os meios de comunicação são vitais numa democracia. Daí que os governos tentem controlá-los. Devemos acabar com essa prática. Os cidadãos precisam de boa informação para evitar serem manipulados.

6. Uma democracia saudável não opõe o sector público ao sector privado, mas promove a sua cooperação e garante o uso eficiente dos recursos em benefício dos cidadãos, evitando duplicações ineficientes e desnecessárias. Há poucos dias soubemos do relatório elaborado pelo Instituto de Estudos Económicos que mostra um uso ineficiente dos recursos públicos em Espanha, já que os gastos públicos podem ser reduzidos em 14% (cerca de 60.000 milhões de euros) e continuar a oferecer o mesmo nível de serviços públicos.

7. Uma democracia saudável que queira perdurar no tempo deve colocar todos os meios à sua disposição para que os cidadãos, apesar das suas diferenças de opinião, não se vejam como inimigos ou concorrentes, mas como irmãos.

8. Precisamos de uma democracia que descubra um diálogo autêntico e respeitoso, a escuta real, a reflexão profunda e calma sobre questões importantes, e não a pressa a que se submetem lobbies de várias ideologias. A Igreja está a redescobrir o caminho da sinodalidade, que não é o dos votos por maioria simples, mas o caminho mais lento, mas seguro e firme do consenso.

9. Uma democracia que não se importa com os seus jovens e os seus anciãos é uma sociedade moribunda.

10. Uma verdadeira democracia respeita os direitos fundamentais, entre os quais o direito à liberdade religiosa. Quero lembrar que a Igreja Católica não pede privilégios, mas também não quer ser discriminada.