Arquidiocese de Braga -

4 abril 2022

Papa apela à oração perante a “tragédia humanitária” na Ucrânia

Fotografia Ivor Prickett/The New York Times

DACS com Agência Ecclesia/Público

Francisco alertou também para o agravamento da emergência migratória com os refugiados da “martirizada Ucrânia”.

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O Papa apelou ontem à oração e à solidariedade perante a “tragédia humanitária” na Ucrânia. 

Francisco pediu, na recitação do ângelus que encerrou a eucaristia matinal, para rezar pela paz, pensando na tragédia humanitária da martirizada Ucrânia, ainda sob os bombardeamentos desta guerra sacrílega”. Não nos cansemos de rezar e ajudar quem sofre”, acrescentou. Na missa, rezou-se “pelas vítimas da violência e da guerra” e pediu-se que as suas lágrimas e o seu sangue abram “uma era de fraternidade e de paz”.

De acordo com a procuradora-geral da Ucrânia, foram encontrados 410 corpos de civis durante o fim-de-semana na região de Kiev, à medida que o exército ucraniano recupera o controlo do terreno. Em Bucha, cidade a cerca de 30 quilómetros de Kiev, foram encontrados dezenas de cadáveres nas ruas e enterrados em valas comuns, existindo vários relatos de execuções e assassínios a sangue frio. O presidente da Ucrânia, Volodimir Zelensky, declarou que “o que está em causa é a eliminação de toda a nação e do nosso povo”.

Já no sábado, na viagem de avião até Malta, o Papa afirmou que uma eventual viagem a Kiev é “uma proposta em análise”, tendo já sido convidado pelo presidente ucraniano, numa conversa telefónica a 22 de Março, e ainda pelo autarca de Kiev, Vitaliy Klitschko.

No primeiro discurso da viagem apostólica de dois dias, o Santo Padre evocou as “trevas da guerra” que ameaçam a Europa e alertou para uma possível “Guerra Fria alargada”, apontando que, “mais uma vez, um poderoso qualquer, tristemente fechado em anacrónicas reivindicações de interesses nacionalistas, provoca e fomenta conflitos”.

Francisco alertou também para o agravamento da emergência migratória com os refugiados da “martirizada Ucrânia”, solicitando “respostas amplas e partilhadas”.

O tema dos refugiados e migrantes percorreu, aliás, a viagem apostólica em Malta, com o Papa a orar, também no domingo, numa gruta onde o apóstolo São Paulo ficou após um naufrágio no Mediterrâneo, por todos aqueles que procuram chegar à Europa fazendo a travessia marítima.

O líder da Igreja Católica pediu a intercessão de São Paulo para ajudar a reconhecer de longe as necessidades daqueles que lutam por entre as ondas do mar, atirados contra as rochas duma costa desconhecida”, e expressou o desejo que a compaixão dos católicos “não se reduza a palavras vãs, mas acenda a fogueira do acolhimento, que faz esquecer o mau tempo, aquece os corações e os une”.

O Papa rezou também ao “Deus de misericórdia” e evocou a acção do apóstolo Paulo, que chegou à ilha no ano 60 e começou a evangelização daquele que é, hoje, um dos países com maior percentagem de católicos na Europa.

A gruta onde o discípulo de Jesus teria ficado é hoje uma capela, sendo dedicada a Paulo uma basílica, junto ao local. Em Mdina, a Catedral de São Paulo lembra o lugar onde o apóstolo teria sido acolhido pelo governador Públio e pelos malteses.

A gruta foi visitada por São João Paulo II, a 27 de Maio de 1990, e por Bento XVI, a 17 de Abril de 2010, por ocasião do 1950.º aniversário do naufrágio de São Paulo.