Arquidiocese de Braga -

7 julho 2022

Uma Igreja viva, a desafiar-nos!

Fotografia M. Meneses svd

CMAB

Conversa entre o diácono Fabian Cofie e M. Meneses

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Pode fazer uma apresentação do seu país?

A República do Gana é um país da África Ocidental, com 238.535 km² e uma costa atlântica de 560 km sobre o Golfo da Guiné. Faz fronteira com o Burquina Fasso, a norte; o Togo, a leste; a Costa do Marfim, a Oeste. A capital e maior cidade é Acra.

E da história também…

Nos tempos pré-coloniais, o Gana foi governado por antigos reinos locais, como os dos Guans, Ewes, Akans e pelo Império Ashanti, entre outros. O comércio dos Akans com os vizinhos tornou-se conhecido pelo valor do ouro. Intensificou-se no período do Império Português (séc. XV a XVII). Em 1874, os ingleses estabeleceram a colónia da Costa do Ouro. O país alcançou a independência do Reino Unido em 1957, com o nome de "Gana" (termo que significa “guerreiro”), por este reflectir o antigo Império do Gana.

Como aconteceu a evangelização?

O início do cristianismo deu-se com chegada dos europeus (1471) e dos primeiros missionários portugueses (1482), que erigiram uma cruz em Sahama. A expansão da fé cristã acompanhou a presença e as atividades coloniais. Os esforços missionários foram sempre prejudicados pelo desenvolvimento do comércio de escravos, enviados ao Brasil e a outros países.

Em 1573, chegaram os padres agostinianos, que construíram um convento e estabeleceram missões em várias localidades. Depois, os capuchinhos, entre 1637 e 1684. A missão de Acra chegou a ter um padre africano de 1679 a 1682. Em seguida, vieram os dominicanos, entre 1687 e 1704. No entanto, os seus esforços iniciais foram seriamente prejudicados por hostilidades tribais, dificuldades culturais, pelo clima e o crescente comércio de escravos. A chegada de protestantes holandeses obrigou os missionários católicos a interromper a sua missão.

E nos séculos seguintes?

A partir de 1842, foi retomada a evangelização, com a Sociedade das Missões Africanas (SMA). Desembarcaram em Elmina (1879-1880). A primeira igreja da capital, Acra, foi construída em 1892. A 8 de dezembro de 1935 foram ordenados os primeiros sacerdotes ganeses autóctones. Em 1892 vieram os Missionários do Verbo Divino; mas foram obrigados a sair, na 1ª Guerra Mundial. Regressaram em 1938. A Congregação tem hoje mais de 100 missionários ganeses e outros tantos enviados para países estrangeiros.

Com cerca de 30 milhões de habitantes, dos quais, 75% cristãos, a Igreja Católica no Gana está disseminada por 20 dioceses. Está bem implementada a Iniciação Cristã de Adultos, com suas etapas de maturação e aprendizagem, das celebrações rituais e da conversão progressiva de vida, requeridas para a recepção dos Sacramentos.

O Gana é um mosaico religioso onde Jesus Cristo pede a todos a prática intensa do ecumenismo e o diálogo inter-religioso: Um desafio missionário mais evangélico e mais apostólico.

O seu crescimento em cem anos revela uma Igreja "viva, dinâmica e rica de iniciativas". Há também um grande compromisso no estudo e leitura da Bíblia e na formação dos agentes pastorais, principalmente os ‘catequistas’, pois constituem os principais animadores das pequenas comunidades cristãs. Há muitas vocações sacerdotais e religiosas, com resultados em ordenações de muitos padres e profissões religiosas cada ano.

Como caracterizaria a dinâmica pastoral?

Embora relativamente jovem, a Igreja é muito viva porque assente numa base sociocultural de tipo familiar. A família apresenta-se como a primeira célula eclesial (Igreja em família). Esta dimensão sociocultural caracteriza, em grande parte, todas as atividades eclesiais.

De facto, muitas comunidades cristãs começaram nalgumas famílias e com ajuda dos “catequistas” (nome dado aos principais animadores das pequenas comunidades cristãs e rurais). Elas crescem já dentro desta dinâmica familiar. É esta “alma” que constrói e sustenta a Igreja, também em grande parte de África.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 07 de julho de 2022.


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