Arquidiocese de Braga -

8 setembro 2022

Cardeal Parolin explica como unir sociedades perante a polarização

Fotografia CNS/Brendan McDermid, Reuters

DACS com Omnes

O discurso do Secretário de Estado da Santa Sé, o Cardeal Parolin, na Conferência Internacional sobre Sociedades Coesas (CIEC) fornece várias pistas para evitar a polarização.

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“A solidariedade significa superar as consequências desastrosas do egoísmo para dar lugar ao valor dos gestos de escuta. Neste sentido, a solidariedade é um meio de fazer história”. Esta é uma das passagens-chave do discurso que o Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, proferiu remotamente na Conferência Internacional sobre Sociedades Coesas, inaugurada hoje em Singapura.

Uma sociedade coesa é-o, afirmou, se persegue o objectivo de formar indivíduos capazes de se relacionarem uns com os outros e transcenderem o individualismo do “eu” para abraçar a diversidade do “nós”.

Segundo Parolin, para atingir o objectivo de uma sociedade coesa e solidária, devemos ser promotores e corresponsáveis ​​da solidariedade; construir a solidariedade com foco no talento, compromisso e liderança dos jovens; solidariedade para criar cidades acolhedoras, isto é: “ricas de humanidade e hospitaleiras, na medida em que sejamos capazes de cuidar e escutar os necessitados; e se formos capazes de nos envolver de forma construtiva e cooperativa para o bem de todos”.

O cardeal também insistiu na necessidade de assumir os problemas dos outros e na importância da proximidade e da generosidade quando se trata de cuidar dos outros. Desta forma, a solidariedade irá deixar a sua marca na história.

 

Da polarização à coesão

Estas são as chaves para enfrentar os factores de risco de uma sociedade coesa, onde a coesão vai além da harmonia racial e religiosa, e também engloba a migração e o multiculturalismo, a desigualdade social e económica, a divisão digital e as relações intergeracionais.

Estas questões afectam a resiliência e a solidariedade entre indivíduos e comunidades, de acordo com a professora Lily Kong, presidente da Singapore Management University.

A Conferência é organizada no Centro de Convenções Raffles City pela Escola de Estudos Internacionais de S. Rajaratnam e com o apoio do Ministério da Cultura, Comunidade e Juventude do país asiático.

Sob o lema “Identidades Seguras, Comunidades Ligadas”, este evento de três dias, inaugurado pelo Presidente de Singapura, Halimah Yacob, reúne mais de 800 delegados de mais de 40 países em torno de três pilares fundamentais: fé, identidade e coesão.

 

Sessões planeadas

Estão agendadas três sessões plenárias: a primeira, “Como é que a fé pode colmatar as divisões”, tem o objectivo de investigar as razões do aumento e persistência da polarização social devido a crenças ideológicas ou religiosas, bem como promover a paz e o diálogo inter-religioso.

A segunda sessão plenária centra-se em “Como aproveitar a diversidade para o bem comum”. A ideia é o foco em ferramentas e conceitos para entender um mundo marcado pela “superdiversidade”, ou seja, a existência de sociedades muito complexas e heterogéneas, com a esperança de fomentar vínculos autênticos, mesmo de posições e leituras diferentes, para o bem comum.

Por fim, a sessão “Como é que a tecnologia pode ser usada para promover a confiança mútua”: o objectivo é mostrar como as plataformas online podem ser faróis de coesão e esperança, em vez de vectores de divisão e ódio.

Artigo original de Antonino Piccione, publicado em Omnes a 8 de Setembro de 2022.