Arquidiocese de Braga -
8 setembro 2022
Como o Vaticano está a formar “novos bispos”
DACS com La Croix International
O Vaticano está actualmente a realizar uma sessão de formação à porta fechada para mais de 150 bispos recém-ordenados. A programação inédita inclui um “workshop” sobre gestão de crises.
Por causa da pandemia, a sessão não era realizada há três anos.
O Vaticano reuniu mais de 150 “novos bispos” – isto é, homens recentemente ordenados no episcopado – para uma sessão de formação de seis dias sobre como exercer o seu novo ministério.
Devido à pandemia de Covid-19, é a primeira vez em três anos que se realiza esta formação. (…) O primeiro grupo iniciou a formação na última sexta-feira (2 de Setembro) e um segundo grupo irá iniciar o programa no próximo Domingo (11 de Setembro).
As aulas presenciais estão a decorrer no Pontifício Ateneu Regina Apostolorum, uma universidade e seminário nos arredores do centro de Roma, administrado pelos Legionários de Cristo.
Vários prelados da Cúria Romana foram encarregados de falar com os novos bispos sobre vários aspectos do tema da formação de seis dias, “Anunciar o Evangelho em tempos de mudança e depois da pandemia: o serviço dos bispos”.
A sinodalidade é um dos principais temas da agenda. Vários oficiais da Secretaria do Sínodo dos Bispos – incluindo o cardeal Mario Grech, secretário geral, e a irmã Nathalie Becquart, subsecretária – participaram desde o primeiro dia.
Discernimento e sinodalidade
O tema da sinodalidade, que o Papa Francisco define como um novo método de governar na Igreja Católica, também foi abordado pelos jesuítas que conduziram a sessão “Liderança Discernidora”.
Os jesuítas estão a ministrar cursos sobre o tema em Espanhol e Inglês desde 2020 para funcionários do Vaticano que desejem participar. Geralmente concentram-se em dois temas: discernimento e sinodalidade.
“Eles colocam muita ênfase na sinodalidade”, confirmou um participante, que explicou que o tema é apresentado como central em várias áreas, incluindoa governação de uma diocese, a gestão de um conselho pastoral e o lugar dos leigos, assim como lidar com os abusos.
“As palavras colaboração, corresponsabilidade e discernimento surgem com frequência”, disse a mesma fonte.
O programa da sessão para “novos bispos”, que nunca foi publicado, inclui também um workshop sobre “gestão de crises, com foco nos abusos”.
Os oradores também foram instados a abordar pontos mais técnicos relativos ao ministério de um bispo. Por exemplo, o cardeal húngaro Péter Erdö, um conhecido advogado canónico, deve falar sobre “a experiência canónica para a administração de uma diocese”, enquanto os sociólogos italianos Mauro Magatti e Chiara Giaccardi foram convidados a abordar questões antropológicas como o género.
Um encontro à porta fechada
Um dia é dedicado a dois grandes textos do Papa: a exortação apostólica pós-sinodal Amoris laetitia, publicada em 2016 após as duas assembleias do Sínodo dos Bispos sobre a família, e a encíclica Fratelli tutti (2020).
Ao longo destes dias, os novos bispos alternam entre apresentações, feitas em italiano e traduzidas para o inglês, e discussões em pequenos grupos.
“É uma oportunidade de conhecer bispos de todo o mundo e dedicar o tempo necessário à formação”, disse um dos bispos participantes.
Este encontro – que acontece à porta fechada, já que o Dicastério para os Bispos está particularmente preocupado com a discrição nestas sessões de formação – reúne bispos de toda a Europa, bem como do Médio Oriente e da América Latina.
Quarenta e cinco são líderes de Igrejas de tradição oriental. Além dos cardeais Grech e Erdö, os novos bispos provavelmente irão encontrar-se com os cardeais Angelo de Donatis (Vigário de Roma), Lazzaro You Heung-sik (prefeito do Dicastério para o Clero), Marcello Semeraro (Causas dos Santos), Kurt Koch (Unidade Cristã), Marc Ouellet e Michael Czerny (Desenvolvimento Humano Integral).
É esperado que os homens deste primeiro grupo de novos bispos tenham uma audiência privada com o Papa na manhã de quinta-feira.
Partilhar