Arquidiocese de Braga -

29 setembro 2022

Um congresso sobre desporto no Vaticano

Fotografia DR

DACS com Omnes

Encontro internacional no Vaticano sobre desporto, com instituições desportivas e intergovernamentais e várias confissões cristãs.

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Qual é a ideia básica e o objectivo do congresso “Desporto para todos. Coeso, acessível e adaptado a cada pessoa”, o encontro internacional agendado para os dias 29 e 30 de Setembro no Vaticano, promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, em colaboração com o Dicastério para a Cultura e a Educação e a Fundação João Paulo II para o Desporto?

Se prestarmos atenção à imagem que acompanha o lema, já podemos encontrar a resposta no logotipo do evento, que definitivamente identifica a prática do desporto como instrumento de encontro, formação, missão e santificação.

Através de três eixos principais, a “coesão”, com a qual se aproxima o desporto profissional do desporto de base, contrariando as dinâmicas que tendem a separá-los (no logótipo, pernas e braços entrelaçados como sinal de unidade entre as pessoas); “acessibilidade”, ou seja, facilitar a possibilidade de as pessoas praticarem desportos, reduzindo os obstáculos sociais e culturais; adequado para todas as pessoas para garantir a participação no desporto a todos, incluindo pessoas com deficiência física, intelectual, mental e sensorial (um símbolo de deficiência foi estilizado para abranger todas as pessoas com condições frágeis).

 

Figuras e instituições do mundo do desporto

A cimeira irá contar com a presença de numerosos testemunhos, atletas, treinadores, mas também associações e representantes de diferentes confissões cristãs e outras religiões. No final, na presença do Papa Francisco, os participantes serão convidados a assinar a “Declaração sobre o Desporto”, ou seja, o compromisso de promover cada vez mais – dentro das suas respectivas instituições e em sinergia entre elas – a cultura social e inclusiva e a prática desportiva.

Este convite irá estender-se a todas as realidades do desporto, começando pelas que se inspiram na visão cristã da pessoa e do próprio desporto, participando pela Internet.

Com o envolvimento das principais instituições e organizações desportivas e intergovernamentais, este evento – explica o Dicastério promotor – continua o caminho que começou em Outubro de 2016 com o encontro internacional “O desporto ao serviço da humanidade”, seguido mais tarde por “Dar melhor de si mesmo”, o documento publicado no início de Junho de 2018 com o qual a Santa Sé aborda o tema na sua totalidade pela primeira vez.

“Dar o melhor de si mesmo no desporto também é um chamamento para aspirar à santidade”. Assim escreve o Santo Padre na carta introdutória do documento, que contém cinco capítulos, com o objectivo de oferecer uma perspectiva cristã do desporto, dirigindo-se a quem o pratica, a quem o vê como espectador, a quem o vive como técnico, árbitros, treinadores, famílias, padres e paróquias.

O evento de dois dias no Vaticano faz, portanto, parte do caminho que há séculos une o Sucessor de Pedro, a Santa Sé e toda a Igreja ao desporto e, em particular, responde ao chamamento do Papa Francisco à sua projecção social, educativa e espiritual.

 

O papel do desporto

Na conferência de imprensa de apresentação do evento, realizada esta manhã na Sala de Imprensa da Santa Sé, o padre Alexandre Awi Mello, ISch – secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida – lembrou o papel e a função do desporto que, longe de perseguir interesses egoístas, é chamado a “colocar a pessoa humana no centro do quadro da comunidade da qual faz parte, vencendo as tentações da corrupção e da mercantilização. Em nome da amizade, do jogo e da gratuidade, bens que a política (regional, nacional e internacional) deve proteger e consolidar”.

Abaixo estão as reflexões que o Papa Francisco pronunciou na “Sportweek” no início de 2021, que podem ser resumidas em 7 conceitos-chave:

Lealdade. “O desporto é o respeito pelas regras mas é também a luta contra o doping, cuja prática é também querer roubar a Deus aquela centelha que, pelos seus desígnios, deu a alguns de forma especial”.

Compromisso. “O talento não é nada sem aplicação”.

Sacrifício. “Sacrifício é um termo que o desporto partilha com a religião. O atleta é um pouco como o santo: conhece o cansaço, mas não o sobrecarrega”.

Inclusão. “Sempre um sinal de inclusão, diante da cultura do racismo, os Jogos Olímpicos expressam o desejo inato de construir pontes em vez de muros”.

Espírito de equipa. “O trabalho em equipa é essencial na lógica do desporto. Pensemos em Moisés que, no monte, diz a Deus que salve também o povo, não só a ele (Ex 32)”.

Ascetismo. “As grandes façanhas levam-nos a pensar que o acto desportivo é uma espécie de ascetismo: subir oito mil metros, mergulhar no abismo, atravessar oceanos como tentativas de procurar uma outra dimensão”.

Redenção. “Dizer desporto é dizer redenção, a possibilidade de redenção para todos os homens. Não basta sonhar com o sucesso, é preciso trabalhar no duro. Por isso o desporto está cheio de gente que, com o suor do rosto, venceu quem nasceu com talento no bolso”.

Artigo de Antonino Piccione, publicado em Omnes a 28 de Setembro de 2022.