Arquidiocese de Braga -
24 julho 2023
D. José Cordeiro aponta missão como a “maior das urgências pastorais”

DM - Jorge Oliveira
“Aqui estou disponível para o serviço e para a missão com a sua presidência, para viver a comunhão com esta nova Diocese, sendo mais um a olhar para Cristo Bom Pastor e a deixar-se conduzir por Ele”, declarou D. Roberto.
O Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, apontou ontem a missão evangelizadora como “a maior das urgências pastorais”, na ordenação episcopal de D. Roberto Rosmaninho Mariz, Bispo auxiliar do Porto. Na celebração solene, com a Sé de Braga repleta de fiéis e convidados, o ordenante, recordando as principais funções dos Bispos, incentivou D. Roberto Mariz, servidor da Igreja de Braga durante 25 anos a doar-se a todos quantos estão confiados aos seu cuidado pastoral.
O arcebispo acentuou a importância da missão evangelizadora da Igreja neste mundo a viver uma "mudança de época" e incentivou a “encarar profeticamente o futuro”, em vez de “viver do passado”, como desafia o Papa Francisco.
“A missão, e não a conservação, é um mistério e a maior das urgências pastorais, a requerer muita coragem e muita fé, acompanhadas da mansidão, da paciência e da humildade”, disse D. José Cordeiro, depois de recordar as principais funções dos Bispos, descritas no Pontificial Romano, entre as quais se destaca a pregação do Evangelho, e de citar uma frase de S. Paulo, na despedida aos presbíteros-bispos (anciãos) da Igreja de Éfeso, em Mileto, que disse que “o Bispo é confiado à Palavra e não a Palavra ao Bispo”.
Neste contexto, D. José Cordeiro incentivou D. Roberto Mariz a ser “servidor paciente e manso do evangelho” e a doar-se a todos quantos estarão ao seu cuidado pastoral.
“D. Roberto, na proximidade bem próxima a experimentares em cada dia na paternidade, na fraternidade, na caridade, e na amizade, doa-te a todos quantos Deus confia ao teu cuidado pastoral: o Presbitério, os Diáconos, as Pessoas consagradas, os seminaristas, os ministérios laicais, as famílias, os jovens e os mais velhos, os pobres, os doentes, os migrantes, os reclusos, os refugiados e quem mais precisa da compaixão, da ternura e da misericórdia”, exortou.
A homilia de D. José Cordeiro partiu das Leituras do dia, que recordou a parábola do joio, da mostarda e do fermento.
Afirmando que a presença do joio “não é sinal de fracasso”, o prelado referiu que a Igreja é uma “comunidade de pecadores amados e perdoados, que em cada dia recomeçam” e que podem “ser chamados à santidade”.
D, José Cordeiro assinalou que “o Espírito Santo age também fora dos confins da Igreja”, pelo que a Igreja é chamada a ser “sinal visível e eficaz”, ou seja, é “convocada a provocar, a alargar o círculo de discípulos”.
No dia em que a Igreja celebrou o Dia Mundial dos Avós e Idosos, o Arcebispo de Braga recordou uma parte da mensagem do Papa para este dia, em que pede aos jovens que vão participar na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) a ir visitar os avós, ou fazer uma visita a um idoso, antes de partirem para Lisboa, e aos idosos que acompanhem com uma oração os jovens que vão celebrar a JMJ.
“A JMJ envolve todas as idades, porque é uma peregrinação de fé evangelizadora com os jovens, contudo a Igreja só será jovem de os jovens forem Igreja”, acrescentou, citando João Paulo II, o mentor da Jornada Mundial da Juventude.
Após a homilia seguiu-se o rito de ordenação, momento marcado pela imposição das mãos, oração, unção da cabeça e entrega do livro dos Evangelhos e as insígnias ( anel, mitra, báculo), a D. Roberto Mariz.
D. Roberto Mariz quer ser “homem da esperança e da paz”
D. Roberto Mariz, na alocução da ordenação episcopal, expressou ao Bispo D. Manuel Linda a sua disponibilidade para o “serviço e missão”, com “todo povo de Deus e pessoas de boa vontade que se encontram na Diocese do Porto”.
“Aqui estou disponível para o serviço e para a missão com a sua presidência, para viver a comunhão com esta nova Diocese, sendo mais um a olhar para Cristo Bom Pastor e a deixar-se conduzir por Ele”, declarou.
Depois de citar alguns pensamentos de S. Bartolomeu dos Mártires, com os quais se identifica, D. Roberto Mariz disse que deseja “ardentemente” ser “homem da esperança e da paz, a partir de Deus”.
“Precisamos de pessoas de esperança e de paz no nosso mundo”, preconizou.
O novo bispo auxiliar do Porto, que iniciará o seu ministério episcopal a partir de finais de agosto, referiu-se ainda ao seu lema episcopal, “Como barro nas Suas mãos”, tirado do livro bíblico do profeta Jeremias (Jr 18, 6), que escolheu para “inspirar e guiar”.
“O barro que é trabalhado pela mão do oleiro; se a peça não está a sair bem, não deita fora, mas retoma esse barro para moldar novamente. Deus nunca deita fora, nunca nos atira para longe... A mão de Deus nunca nos abandona, mesmo na “noite escura”; essa mão sempre nos segura, nos ampara, nos molda, nos salva. Uma mão que nos levanta, ampara e guia”, assinalou.
D. Roberto Mariz falou também da sua vocação (que vem de criança/juventude), da vida sacerdotal aos longo de 25 anos, e da missão como bispo.
O prelado revelou que o paramento que usou na ordenação episcopal é o que se perfilava para a celebração das bodas de prata (19 de julho). E explicou porquê. “Pensei: é este que vou usar e não outro. Mais que por razões de economia ou de ecologia, é sentir que a raiz e alicerce do que aqui celebramos hoje está no sim da vocação sacerdotal. Foi esse sim que comprometeu os restantes sins no serviço da Igreja”.
O novo bispo auxiliar do Porto começou a sua alocução dirigindo um palavra de gratidão a quem acompanhou a celebração, presencialmente ou pela DMTV. Deixou ainda um “enorme obrigado” à Arquidiocese de Braga (onde serviu durante 25 anos), lembrando todos que com ele caminharam e o fizeram caminhar na fé, nas comunidades onde nasceu, cresceu e serviu, na Póvoa de Varzim Vila Verde e Braga.
Agradeceu também ao Arcebispo de Braga, pela “amizade e confiança”, ao Arcebispo Emérito, Bispos Auxiliares, a todo presbitério de Braga e ao Cabido da Sé, onde foi capitular.
Agradeceu ainda a presença do Cardeal D. António Marto, bem como a dos bispos de várias dioceses que vieram a Braga para esta cerimónia, como do Porto, Bragança-Miranda, Vila Real, Aveiro, Guarda, Portalegre-Castelo Branco, Santarém, Setúbal, das Forças Armadas.
Ao Núncio Apostólico, D. Ivo Scapolo, agradeceu o “cuidado e atenção em todo processo, na comunhão com o Santo Padre” e pediu-lhe que transmita a Francisco “a gratidão pela confiança agora depositada e a profunda lealdade e disponibilidade no serviço do Evangelho”.
Agradeceu ainda a presença das outras entidades, civis, militares e religiosas, ao coro misto que solenizou brilhantemente a cerimónia, assim como à sua família. Do meio autárquico, estiveram os presidentes das câmaras municipais de Vila Verde, Amares e Terras de Bouro. A Câmara de Braga fiz-se representar pela vereadora da Educação.
Aos 49 anos, D. Roberto Mariz, natural de São Pedro de Rates, Póvoa de Varzim, torna-se o mais jovem bispo português. Antes de ser nomeado bispo de Vita (antiga diocese na atual Tunísia) e auxiliar da Diocese do Porto era ecónomo-tesoureiro da Arquidiocese de Braga e Seminários, pároco de São José de São Lázaro, presidente da Irmandade de São Bento da Porta Aberta.
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