Arquidiocese de Braga -

23 outubro 2023

Arcebispo Primaz propõe cultura do cuidar para tempo que descarta os seres humanos

Fotografia DM

DM - Joaquim Martins Fernandes

Na homilia da missa de ordenação diaconal de João Conde e Sérgio Araújo

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O Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, apresentou ontem a cultura do encontro e da dedicação aos outros como a resposta a uma sociedade cada vez mais egoísta e que vai ao ponto de descartar os seres humanos. O arcebispo falava na homilia da eucaristia de ordenação diaconal de João Conde e de Sérgio Araújo, que decorreu na tarde de ontem na Sé Primacial.

D. José Cordeiro evocou a figura de Santa Teresa do Menino Jesus para deixar claro que “num tempo em que se descartam tantos seres humanos, ela ensina-nos a beleza do cuidado, do ocupar-se do outro”. Para o líder da Igreja de Braga, Santa Teresa do Menino Jesus, que é padroeira das missões e mestre da Evangelização, é também o exemplo de como se combate o individualismo do tempo atual. “Num tempo que nos convida a fechar-nos nós nossos próprios interesses, Teresinha mostra a beleza de fazer da vida um dom”, acrescentou D. José Cordeiro, numa reflexão que seguiu de perto a mensagem que o Papa Francisco deixou ao mundo, aquando da recente visita a França.

“Num período em que prevalecem as necessidades mais superficiais, ela é testemunho da radicalidade evangélica. Numa época de individualismo, ela faz-nos descobrir o valor do amor que se torna intercessão”, acentuou o prelado bracarense, destacando que Santa Teresa do Menino Jesus dever ser também quem nos inspira “num momento de complexidade” como este em que vivemos e quem  nos “ajuda a redescobrir o primado absoluto do amor, da confiança e do abandono, superando uma lógica legalista e moralista que enche a vida cristã de obrigações e preceitos e congela a alegria do Evangelho”.

“Num tempo de entrincheiramento e reclusão, Teresinha convida-nos à saída missionária, conquistados pela atração de Jesus Cristo e do Evangelho”, sublinhou 

D. José Cordeiro, que não deixou de exortar os dois novos diáconos da Arquidiocese de Braga a serem “sal da terra e ser luz do mundo”, assumindo “a enorme missão” que é confiada a “todos os que aceitam a novidade perene de Jesus Cristo na sua vida quotidiana”. 

“Caminhemos juntos e levemos Jesus Cristo a todos para os trazer a todos a Jesus Cristo”, enfatizou o Arcebispo Metropolita de Braga, que deixou na ordenação diaconal de João Conde e Sérgio Araújo uma mensagem bem concreta, que evocou o padroeiro principal da Arquidiocese de Braga, no dia da sua solenidade. 

“Caros João e Sérgio, o grande São Martinho de Dume e de Braga, na exortação à humildade, ensina-nos bem o significado de quanto escutamos no evangelho hodierno e indica o perfil do ministro humilde de coração: ‘Pelo que, quanto maior és, como diz Salomão, tanto mais te humilhas. Porque, governando tu a muitos, não és, contudo, perfeito se naquilo que é maior só tu resistires, sem te poderes governar a ti. Pois só então presidirás aos outros quando primeiro tiveres presidido a ti mesmo’”, destacou D. José, recordando que, “desde as origens, o ministério ordenado foi conferido e exercido em três graus: o dos bispos, o dos presbíteros e o dos diáconos”. 

“Os ministérios conferidos pela ordenação são insubstituíveis na estrutura orgânica da Igreja: sem bispo, presbíteros e diáconos, não pode falar-se de Igreja”, continuou o arcebispo, notando que “aos  Diáconos é dito: ‘crê o que lês, ensina o que crês e vive o que ensinas’”. 

“Os eleitos empenham-se em: ser consagrados ao ministério na Igreja, a exercer o mesmo com humildade e caridade, a guardar o mistério da fé, a viver o celibato, a rezar fielmente a Liturgia das Horas, a conformar a vida com Cristo. A imposição das mãos, feita só pelo bispo, e a oração transmitem o dom do Espírito Santo para o ministério diaconal. A explicitação deste rito dá-se pela vestição da estola e da dalmática; pela entrega do livro dos Evangelhos e pelo abraço da paz ao bispo e aos diáconos”, sintetizou 

D. José Cordeiro, notando que “relativamente aos serviços da caridade e da administração, S. Policarpo, Bispo de Esmirna (séc. II) recomendava: ‘Os diáconos sejam irrepreensíveis na santidade, como ministros de Deus e de Cristo, e não dos homens’”. Acrescentou D. José Cordeiro que a doutrina de S. Policarpo ensinava também que os diáconos “não devem ser homens sem palavra, caluniadores ou avaros, mas sóbrios em tudo, misericordiosos, solícitos, procedendo sempre segundo a verdade do Senhor, que Se fez servo de todos”.

Considerou que o Arcebispo Primaz que os ensinamentos de S. Policarpo são hoje “mais atuais do que nunca”. É que “a fidelidade à palavra começa a rarear, até mesmo dentro da Igreja”, disse 

D. José Cordeiro, lembrando que “a visibilidade do ministério dos diáconos aparece sobretudo na celebração da Eucaristia, onde ele proclama o Evangelho e ajuda o Bispo e os presbíteros na distribuição da Eucaristia, especialmente levantando o cálice “sinal da imensa caridade de Cristo”. Mas “o diácono pode também ajudar toda a comunidade a passar da liturgia à vida, ocupando-se dos mais pobres e necessitados”, resumiu 

D. José Cordeiro.