Arquidiocese de Braga -

9 novembro 2023

“O Amor jamais passará” (1Cor 13,8)

Fotografia Salama!

O Conquistador | CMAB

Ana Margarida Gomes e Hugo Borges, Equipa Missionária Salama! 2023/24

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Foi com este anúncio que iniciamos o caminho e com ele percorremos até chegar aqui, à Paróquia de Santa Cecília de Ocua, na Diocese de Pemba.

“Missão de Ocua”, uma placa simples, assim escrita nos recebe e nos leva à casa da missão onde somos acolhidos pelos missionários Pe. Manuel Faria e Fátima Castro, para nos doarmos em continuidade ao projeto Salama! do Centro Missionário da Arquidiocese de Braga.

Na primeira impressão tudo choca connosco. Os carros e os camiões vêm do lado contrário, até o nosso vai do lado contrário. A língua é diferente e muito diferente, o que nos custa, a nós que como portugueses estamos habituados a conseguir decifrar algumas palavras e perceber o sentido daquilo que é dito na maior parte das línguas da nossa Europa (da nossa pequenina Europa), até o português de cá é diferente. O tempo choca connosco, há que trocar a perspetiva de fazer as coisas a correr para passar a estar, a perguntar o “Como está?” mas a esperar a resposta com atenção e com cuidado, sem a indiferença nem tão-pouco com a vontade e ideia de ter a solução para os problemas. Simplesmente para ouvir, acompanhar com misericórdia. A cultura é diferente, a aldeia é diferente, as casas e as ruas são diferentes, não há muros, o sentido de propriedade é diferente, a necessidade (o que faz falta) tem outro sentido, os hábitos são diferentes, mas olhando mais de perto, meditando sobre o que se vê, chega-se a uma conclusão, apesar de tudo, as pessoas são iguais, têm o mesmo valor. Lá como cá.

A realidade é de facto impactante, precisa de ser absorvida para começarmos a intervir, para recebermos as pessoas, para as visitarmos nas suas comunidades, nas suas casas. É uma grande alegria celebrar a Fé aqui. Não se trata de preceito, de obrigação, mas antes de um impulso que vem de dentro e todo corpo reza. Canta-se, dança-se, batem-se palmas. Na humildade que aqui existe vêem-se as ofertas mais generosas. O acolhimento é sempre uma celebração, que convida a ficar, que convida a sentar, que oferece de comer ou de beber.

O amor nos trouxe aqui. Aqui vemos que tudo falta e questiona-se sempre se há amor, mas aí o amor faz mais sentido, aí sente-se que é o lugar de amar, de trazer o amor, de mostrar que quando tudo falta, quando parece não haver solução, aí, como em todo o lado, o amor é a resposta.

“Agora permanecem estas três coisas: a Fé, a Esperança e o Amor, mas a maior de todas é o Amor” (1Cor 13, 13)

Artigo publicado no Jornal O Conquistador de 29 de setembro de 2023.

Artigo publicado no Suplemento Igreja Viva de 09 de novembro de 2023.


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