Arquidiocese de Braga -

11 maio 2024

Arcebispo de Braga alerta para perigos da IA nas desigualdades sociais

Fotografia DACS

DACS com DM - Rui de Lemos

O Arcebispo de Braga alertou, ontem, em Cabeceiras de Basto, para “os perigos” dos sistemas de Inteligência Artificial (IA) na “manipulação e nas desigualdades sociais”.

O Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, deseja, tal como o Papa Francisco, que  este tempo marcado pela vertigem, benefícios e perigos da Inteligência Artificial, não seja “rico em técnica e pobre em humanidade”. O arcebispo participou no encontro com profissionais da comunicação e alunos, promovido pelo Departamento Arquidiocesano para a Comunicação Social (DACS), na Casa do Tempo, em Cabeceiras de Basto.

Participaram da mesa de oradores, além do arcebispo, o diretor do DACS, padre Paulo Terroso e o professor da Universidade Católica Portuguesa (UCP) de Braga, José Miguel Vilaça. 

A reflexão proposta foi sobre “Inteligência artificial e sabedoria do coração: para uma comunicação plenamente humana”, tema da mensagem do Papa Francisco para o 58º Dia Mundial das Comunicações, celebrado no Domingo da Ascensão do Senhor, este ano no dia 12 de maio.

Padre Paulo fez a abertura o encontro, agradecendo ao Arciprestado, na pessoa do Arcipreste, padre Manuel Quinta, pela acolhida e destacou que esta é uma forma de dar a conhecer o departamento junto aos arciprestados, partilhar o trabalho que está a ser feito e um outro modo também de “estar também com os órgãos de comunicação social daquele concelho, da da região”. 

Na primeira parte do encontro, o professor José Miguel trouxe exemplos práticos da utilização e dos campos de abrangência da Inteligência Artificial. O especialista destacou que “a IA consegue resolver determinados problemas, desde que no passado já tenha visto situações que sejam relativamente parecidas”, e que o seu uso está a ser aplicado em várias vertentes, cada vez mais integrado ao dia a dia das pessoas.

“A IA vai transformar de forma muito radical o panorama profissional dos nossos dias”, explicou, ao salientar que embora haja a tendência para que algumas profissões cheguem mesmo a desaparecer, outras surgirão conforme as novas necessidades, como aconteceu através dos tempos, com o surgimento das inovações. (Veja a conferência na íntegra no vídeo abaixo)

Sobre o tema, D. José sublinhou que “a Igreja tem sempre que propor caminhos de liberdade, paz e amor para a construção da fraternidade, a partir dos valores universais”.

O arcebispo observou que os sistemas da IA, tal como todas as mudanças e inovações, trazem consigo “oportunidades, riscos e enormes desafios”. Apreciando as novas oportunidades para as áreas da saúde, educação, inovação e desenvolvimento, entre outras, o Arcebispo de Braga alertou que “trazem também consigo os perigos da manipulação, das desigualdades sociais, do uso para a guerra e para o mal”. 

Por isso, solicitou que “quem tem a responsabilidade e o poder da decisão não permita que a IA não seja usada para o mal dos humanos, mas para o bem, orientando toda esta revolução digital ao serviço da pessoa humana”. 

Tal como sublinha a mensagem do Papa Francisco paro 58.º Dia Mundial das Comunicações Sociais, “a rápida difusão de maravilhosas invenções, cujo funcionamento e potencialidades são indecifráveis para a maior parte de nós, suscita um espanto que oscila entre o entusiasmo e a desorientação e põe-nos inevitavelmente diante de questões fundamentais”. 

“Todas estas mudanças em si mesmas são muito positivas, mas se não tiverem subjacentes as bases daquilo que chamamos a Doutrina Social da Igreja, a subsidariedade, a solidariedade, o bem-comum, a dignidade infinita da pessoa humana, podem ser usadas para os interesses de grupos, de instituições ou até de indivíduos que sejam contra a humanidade”, sentenciou D. José Cordeiro. 

Perante as vantagens, oportunidades, perigos e desafios da IA, o Arcebispo de Braga entende que “a Igreja terá que ser fiel ao Evangelho e à sua Missão, porque não existe nada mais importante na missão da Igreja que evangelizar e é nesta fidelidade ao Evangelho que tem de saber fazer as propostas para que, no tempo em que vivemos, possamos continuar a ser plenamente humanos, irmãos e irmãs uns dos outros, a construir a dignidade da pessoa humana que é infinita e inalienável”. 

Recordando que no Concílio Vaticano II a Igreja se definiu como “a luz das nações em Cristo”, porque só Jesus Cristo pode ser essa proposta de vida e relação, o Arcebispo de Braga acentuou que “a Igreja é serva da humanidade, está ao serviço das pessoas e, como tão bem disse S. João Paulo II, a pessoa humana é o caminho da Igreja”. Assim, “nesta como em outras revoluções, a Igreja tem que seguir o mesmo caminho sendo fiel ao Evangelho, mas também ao tempo em que vive e à realidade em que está. Isto é muito difícil, mas é possível”, concluiu.