Arquidiocese de Braga -
21 junho 2024
Aldeia das Religiões assume compromisso da promoção da tolerância e construção da paz
Jorge Oliveira - DM
Encontro inter-religioso decorre em Priscos até este sábado
A segunda edição da Aldeia das Religiões abriu ontem as portas na freguesia de Priscos, Braga, com a mensagem de que é possível viver em paz na diferença, deixando cair os ódios e a intolerância e alimentando a fraternidade. A ideia foi deixada pelo padre João Torres, pároco de Priscos, aquando da inauguração deste evento ecuménico que decorre até este sábado com a presença de mais de 40 confissões religiosas. O momento foi simbolizado com uma largada de pombas.
O sacerdote notou que no nosso país vão surgindo cada vez mais discursos «carregados de violência e de ódio», provavelmente fruto do crescimento da imigração que trouxe outras crenças e confissões religiosas que desconhecemos, mas mostrou-se convicto de que é possível a coabitação pacífica entre todos promovendo mais iniciativas como a Aldeia das Religiões.
Doze anos depois da primeira edição, a freguesia de Priscos volta a ser palco de um encontro e convívio onde as várias confissões religiosas procuram falar uma linguagem comum – a do «amor» e da «fraternidade» –, convidando a população a conhecer e a dialogar com os representantes de outras religiões. A entrada é livre.
«Hoje, mais do que há 12 anos, é importante convidar as pessoas a conhecer outros credos, outras formas de adorar a Deus, outras filosofias de vida, porque quando eu conheço o outro, eu passo a respeitá-lo muito mais», defendeu o padre João Torres.
As várias confissões religiosas estão representadas em dez tendas, mostrando no seu espaço o que melhor representa a sua religião.
Este encontro, salienta o sacerdote, acaba por ser algo inédito, porque propicia o encontro e o diálogo e até o convívio à mesa.
Na Aldeia das Religiões há dois espaços específicos para esse efeito: a “Tenda do Encontro” e a “Mesa Comum”. Na primeira, decorrerão conferências (sem debates), concertos, dança, meditação, dramatizações, apresentações de livros e tertúlias. Estão agendados 23 momentos, dinamizados pelas diferentes confissões religiosas.
Na tenda da “Mesa Comum”, na Casa do Abade, o encontro é proporcionado através da gastronomia. Durante o evento, os líderes religiosos e os voluntários vão ter refeições juntos, sendo as ementas feitas de acordo e em respeito com as tradições gastronómicas de cada confissão religiosa.
Na Aldeia das Religiões há ainda um espaço de oração comum, onde se vai rezar pela paz e concórdia.
«A religião pode dar um contributo decisivo para a paz. Se todos os líderes religiosos, quando exercem o seu culto, apelassem às pessoas que elas deviam ser instrumentos de paz, certamente evitaríamos muitas guerras e conflitos que começam em casa e depois espalham-se para o bairro e depois vão para a cidade e o país», salientou o padre João Torres.
Segundo o sacerdote, este encontro, que vai na segunda edição, é inédito no país. O primeiro encontro deste tipo, em que representantes de várias confissões religiosas ficaram uma noite juntos, foi em 1992, no Rio de Janeiro.
«Esta é uma experiência que cada vez mais é necessária fazer. A experiência do encontro e da fraternidade é uma bela forma de combater a intolerância», sustentou.
Na abertura da Aldeia das Religiões interveio também a vereadora da Educação da Câmara de Braga, Carla Sepúlveda, segundo a qual este tipo de atividades «são fundamentais para a construção de sociedades mais coesas e igualitárias».
«Temos recebido quem nos procura de braços abertos e esta iniciativa é mais um grande passo para promover a diversidade e podermos partilhar o que de melhor temos para oferecer», disse a autarca, felicitando o pároco de Priscos e demais organizadores por esta segunda edição da Aldeia das Religiões, que se realiza no âmbito do Orçamento Participativo Municipal de 2020.
A vereadora reconheceu que o acolhimento «muitas vezes traz constrangimentos», mas frisou que para o município tem sido «muito gratificante esta diversidade na cidade».
Carla Sepúlveda convidou a visitar o evento e a participar nas suas atividades, mostrando-se convicta de que vão contribuir para tornar «as nossas sociedades mais coesas, mais igualitárias e menos preocupadas com alguns preconceitos».
O vereador João Rodrigues também esteve presente, em representação do Município, tendo realçado que «o aumento do conhecimento sobre as diferentes vivências religiosas e espirituais permite uma interação social mais saudável e plural».
Partilhar