Arquidiocese de Braga -

15 julho 2024

Comunidades bracarense e universitária unidas na homenagem ao padre Duque

Fotografia DM

DACS com DM - Francisco de Assis

Eucaristia na Igreja dos Terceiros, presidida pelo Arcebispo de Braga, D. José Cordeiro, com a presença de diversas instituições e personalidades com quem o padre Duque trabalhou nos últimos 17 anos

A igreja dos Terceiros, foi pequena para acolher representantes de tantas instituições, mas sobretudo amigos que se quiseram juntar à Pastoral Universitária de Braga na missa de despedida do padre Eduardo Duque. Além de festiva, a eucaristia, celebrada pelo Arcebispo de Braga, foi carregada de simbolismo e gestos de agradecimento àquele que teve a magnanimidade de “sair, por livre vontade, de um lugar onde era muito feliz”.

A despedida do cónego Eduardo Duque de diretor da Pastoral Universitária de Braga, missão que desempenhou nos últimos 17 anos, acabou por ser bem mais do que uma missa de ação de graças pelo trabalho realizado. 

Na celebração, muito concorrida por diversas autoridades académicas, autárquicas, bem como padres de diversos pontos do país, serviu igualmente para homenagear o homem e o sacerdote que levou tantos a Cristo e que agora, voluntária e de certa forma surpreendentemente,  decidiu dar lugar a outro, “desinstalando-se” de onde era feliz.

O evento assinalou,  igualmente, de forma festiva, os 25 anos de sacerdócio do cónego Eduardo Duque. Momentos presenciados também pelo Arcebispo Emérito, D. Jorge Ortiga, vários sacerdotes de Braga, mas também da Pastoral Universitária do Porto, de Lisboa e de Coimbra. 

Para além de preparar meticulosamente a eucaristia, os jovens da Pastoral Universitária de Braga homenagearam o cónego Eduardo Duque, oferecendo-lhe várias insígnias universitárias e um livro feito de propósito. Porém, provavelmente, a oferta que mais o sensibilizou, deixando-o comovido foram os testemunhos de fé, palavras elogiosas de gratidão por tanto que fez pelos jovens universitários.

Um dos elementos da Pastoral foi ao ambão lembrar alguns dos episódios da ação pastoral do padre Duque, nestes 17 anos. Considerou que o Centro Pastoral Universitário (CPU) foi «uma verdadeira escola de vida», que não se encontrou em mais lado nenhum. 

Elogiou as qualidades do líder da Pastoral, pelo exemplo que dá em sair de um lugar onde era muito feliz. “A Igreja e a sociedade precisam de mais homens assim. Precisamos de uma Igreja com mais padres desinstalados”.

A forma de liderar do padre Duque também foi enaltecida, considerando que muitos ficaram apaixonados por Cristo por causa da forma de liderar do cónego Eduardo Duque. “Por meio de um só homem, muitos chegaram a Cristo”.  

Todos somos poucos para evangelizar 

Por sua vez, o Arcebispo de Braga, na sua homilia, também agradeceu ao cónego Eduardo Duque, felicitando-o não só pelo trabalho à frente da Pastoral Universitária, mas também pelos 25 anos de sacerdócio e por ter sido, provado nas provas de Agregação no ramo de conhecimento de Sociologia, realizadas, no Instituto de Ciências Sociais da Universidade do Minho, com a lição intitulada “Dos conceitos teóricos à sua operacionalização: estratégias para a medição e análise da intergeracionalidade”.

D. José Cordeiro considerou que o Evangelho de ontem ajuda os missionários e os cristãos a tomarem consciência de que a responsabilidade da evangelização é de todos e que todos são poucos para esta missão de levar Jesus a todos e todos a Jesus.

Porém, sustentou, isto deve ser feito sem proselitismo, sem imposições.

Porque somos pessoas de paz. Nada deve ser imposto. Apenas propostas.

A propósito da presença das diferentes entidades e autoridades na eucaristia de homenagem ao padre Duque, o Arcebispo de Braga enfatizou a coragem pela verdade, a gratuitidade da missão, para que a humanidade seja mais humana, mais fraterna, para sermos bons cristãos e honestos cidadãos  bem da sociedade.

Agradecimento pelo caminho que se fez em união

Quase no final da cerimónia, o cónego Eduardo Duque não se conteve nas palavras de agradecimento a todos quantos o acompanharam nos últimos dezassete anos, tratando a todos principalmente por amigos.

“Neste momento de gratidão, lembro as palavras do nosso grande poeta Pessoa: ‘Tudo vale a pena se a alma não é pequena’. Ao olhar para trás, vejo que cada desafio, cada sorriso, cada dificuldade valeu imenso a pena”, disse o sacerdote, acrescentando: “Dezassete anos a coordenar a Pastoral Universitária de Braga, nove anos a nível nacional, e um quarto de século de sacerdócio. Números que contam histórias, mas que não capturam a essência do que vivemos juntos”.

“Gostaria ainda de expressar a minha profunda gratidão a todos os que, embora não citados nominalmente, são presenças constantes e fundamentais. A vossa discrição não diminui o vosso valor; sois, para mim, como família.

A vossa presença é um testemunho vivo de que, como disse Luther King, ‘Todos podemos ser grandes, porque todos podemos servir’. Sinto que, juntos, durante todos estes anos, servimos melhor a nossa comunidade. Muito obrigado pela vossa amizade”.

À equipa de coordenação que consigo trabalhou ao longo deste ano e que se juntou para este dia – André, Orlando, Susana, Flávia, Ângela, Sara Madureira, Mariana, Maria Amorim, Raquel Martins, Raquel Madureira, Inês, Georgina, Sara Azevedo, Joana Durães, Maria Corte Real, Jánio, Maria Azevedo e Liliana – o homenageado renovou os agradecimentos: “Nestes anos, fomos jardineiros de sonhos, cultivando esperanças nos corações dos universitários. Procurámos tecer amizades, entrelaçar vidas e histórias. Fomos, acima de tudo, aprendizes do que é viver, descobrindo diariamente novas formas de servir, de nos doar, de sermos Igreja ao jeito do nosso querido Papa Francisco”.

“A cultura dominante exige-nos outro modo de ser Igreja. A cultura de hoje pode já não ser cristã, ou sê-lo apenas nos seus mínimos ou na sua dimensão histórica. Por isso, nós, hoje, somos chamados a viver com alegria, sem cair no pietismo ou no fideísmo. É necessário construir uma cultura de respeito pela vida, pelo outro, assente na justiça, na paz, na integração, no acolhimento de todos, procurando ter um coração bom ao jeito do que nos pede Cristo. Este testemunho é fundamental no ambiente da Pastoral Universitária”, referiu, acrescentando que “quando nos abrimos aos outros e às outras culturas, não encontramos somente diversidade, mas também, e sobretudo, comunidade. Esta ideia revolucionária foi experienciada aqui, neste ambiente da Pastoral Universitária”.

Um privilégio 

“Ao longo destes anos, tivemos o privilégio de acolher e conviver com uma diversidade rica de pessoas nas nossas atividades. A Pastoral Universitária abriu as suas portas a todos, independentemente da sua fé, orientação ou origem. Esta pluralidade enriqueceu-nos profundamente, permitindo-nos criar pontes de diálogo, compreensão e respeito mútuo. Celebramos esta diversidade como uma força que nos uniu e nos ensinou o verdadeiro significado de comunidade”, sustentou o Cónego Eduardo Duque.

“Neste aspeto, creio que a fé cristã cura, purifica e eleva a razão sem nunca se impor aos outros. Por vezes parece que a cultura, dos dias de hoje, carece de entranhas, é como um corpo sem vida. Durante estes anos, procurámos que a Pastoral Universitária levasse essa vida à academia, convidando a fazer experiências fortes, a levantarem-se do sofá, a fazerem voluntariado, a irem ao encontro dos outros, a irem para África, a verem mais mundo”, disse ainda.

A terminar, o cónego Eduardo Duque não esqueceu quem o convidou para“liderar” a Pastoral Universitária e quem nele confiou para que continuasse o trabalho.

“Que o Senhor continue a abençoar o trabalho da Pastoral Universitária e a fortalecer os laços entre a Igreja e a comunidade no seu sentido lato. Obrigado ao Sr. D. Jorge pelo convite que há 17 anos me dirigiu e, naturalmente, ao Sr. Arcebispo, Dom José, por estar aqui connosco”.   

“A todos um obrigado muito sentido pela vossa amizade e por fazermos parte desta jornada juntos”, concluiu.