Arquidiocese de Braga -
26 setembro 2024
Jornadas da Comunicação desafiam jornalismo a usar Inteligência Artificial com critério e ética

DACS com DM - Francisco de Assis
Evento começou ontem em Fátima e termina hoje, com homenagem ao cónego António Rego
As Jornadas Nacionais de Comunicação Social que estão a decorrer em Fátima desafiam o jornalismo e a comunicação em geral a usarem a Inteligência Artificial (IA), com inteligência, critério, humanidade e ética. No encontro, que tem como lema “Jornalismo e Inteligência Artificial”, a conferencista, Francisca Seabra, deixou uma mensagem de esperança, considerando que entre a IA e o homem, deve haver um papel de co-criação ou de co-responsabilização, sendo que o critério e a última palavra deve ser sempre do jornalista.
Na sessão de abertura estiveram D. Nuno Brás, presidente da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais; Isabel Figueiredo, diretora do Secretariado Nacional das Comunicações Sociais, bem como sacerdotes, freiras e responsáveis de comunicação de diferentes dioceses do país.
Na sua intervenção, D. Nuno Brás deixou uma série de “provocações” sobre o uso da IA nos media. “É sempre uma questão de liberdade”, ao reforçar o perigo da “padronização do jornalismo”, com “notícias iguais”, disso o bispo, mas admitiu também que é uma realidade inevitável e incontornável.
Por seu turno, a conferencista apresentou uma perspetiva positiva e de esperança, salientando que a IA é um facto que todos podem utilizar, “com inteligência, critério e humanidade”. Ou seja, atribuindo as tarefas complicadas às máquinas e à inteligência artificial, para que os homens possam ter tempo parta dar critério, humanidade e ética aos assuntos. Isto é, a velocidade fica a cargo das máquinas, enquanto que a “curadoria” fica a cargo dos jornalistas e da comunicação em geral. A tal “co-criação”.
E deu exemplo das tarefas com grande volume de dados, que seriam impossíveis de fazer pelo homem e que são incrivelmente fáceis para as máquinas. “Há aquilo que devemos sermos nós a fazer e aquilo que é AI pode fazer”, afirmou. O que quer dizer que “o lado humano” nunca pode faltar na comunicação e no jornalismo em geral. Ela lembrou também que as mudanças nos espaços de trabalho também levam a repensar os conteúdos e utilização de recursos. “Antes as redações eram um local de debate, agora já não o são”, lembrou.
Francisca Seabra salientou que a IA não tem critério. “É o ser humano que confere critério às coisas. É o ser humano que deve definir o rumo dos assuntos, precisamente para contrariar os pré-juízos e os preconceitos definidos”.
Daí que a conferencista tenha deixado um convite a enfrentar a IA com esperança, com inovação, desvendando o que é novo com esperança, usando a IA para ajudar a mudar o mundo. Aliás, antes de concluir a conferência, Francisca Seabra pediu aos jornalistas e à imprensa em geral que não se esqueçam de levar a boa mensagem da verdade ao mundo. “Vamos usar a tecnologia para construir um futuro mais humano, criativo e inspirador”.
Pode a IA ser uma forma de domínio coletivo?
A questão foi aventada por D. Nuno Brás, que reforçou que a IA é algo que usa “muito velozmente um grande conjunto de informações”. “A minha grande questão é a realidade humana, formada de preconceitos do pensamento comum, do pensamento dominante. Podemos estar a sujeitarmo-nos ao pensamento de alguém, uma entidade qualquer. Ou seja, ponha-se aqui a questão da liberdade. Até que ponto a IA não constituiu uma forma de domínio coletivo, que faz escolhas por nós, tornando o homem ‘escravo’ dos algoritmos. “Porque é fruto de um conjunto de dados e de escolhas de quem a programou. Podemos estar a ser escravos de um certo ‘Big Brother’.
Por sua vez, Isabel Figueiredo pediu aos jornalistas presentes que não deixem cair no esquecimento os incêndios florestais e as guerras, sobretudo na Terra Santa e na Ucrânia.
Durante a tarde, o padre Rego foi aplaudido pelos jornalistas presentes, ele que hoje será homenageado nas Jornadas. Aliás, ontem não esteve em Fátima, porque estava a ser condecorado pelo Presidente da República.
Depois, Ricardo Dias e Ana Pinto Martinho, da CENJOR, fizerem um workshop sobre IA, mostrando ferramentas que podem ajudar os jornalistas a fazerem melhor o seu trabalho, além de esclarecerem o público.
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