Arquidiocese de Braga -

Desde a infância, muitos de nós guardamos sonhos que nos acompanham ao longo da vida. Para alguns, esse sonho é viajar pelo mundo; para outros, é fazer a diferença na vida de pessoas que precisam. No meu caso, sempre desejei fazer voluntariado. Essa ideia infantil, cheia de encanto e esperança, alimentava o meu desejo de servir o próximo. Contudo, à medida que cresci, esse sonho foi ficando de lado pela correria do dia a dia.

A partir de 2019, as coisas mudaram um pouco. Para mim, fazer parte do Grupo de Jovens Tribus foi muito importante para esta caminhada em direção à Missão. Sem ele, talvez tivesse seguido o caminho do voluntariado, em vez de me dedicar a um projeto que reflete os valores da Igreja Católica. O Tribus ensinou-me a importância da fé, esperança e caridade. Através das atividades comunitárias desenvolvidas pelo meu grupo, comecei a vivenciar o que significa ser um agente de mudança, mesmo que em pequena escala. Cada atividade com a comunidade ensinava-me a importância de estar presente para os outros e mantinha vivo o sonho de criança, embora o medo do desconhecido continuasse muito presente. O que me aguardava em terras distantes? Conseguiria enfrentar desafios que nem imaginava?

A transformação começou na Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023 em Lisboa. Desde o primeiro momento, a atmosfera vibrante e a união de jovens de todo o mundo tocaram- me de uma forma que eu nunca tinha sentido. Cheguei a comentar com alguns amigos que só a fé poderia mover tanta gente para um descampado sob um calor de 40ºC. O Papa Francisco falou sobre a coragem necessária para agir, mesmo quando o medo se apresenta. Ele enfatizou que o medo pode nos paralisar, mas é essencial superá-lo para abraçar as oportunidades que a vida nos oferece. Essas palavras ecoaram em mim durante a JMJ e, de certa forma, substituíram a paralisia do medo pela esperança de concretizar um sonho que sempre esteve presente, à espera de ser vivido.

Com essa inspiração renovada, decidi enfrentar os meus medos. Procurei vários projetos e, ao escolher o Projeto Salama, senti que era o caminho certo, pois fazia sentido abraçar um projeto religioso. Além disso, a formação foi essencial no meu processo de discernimento. Ajudou-me a compreender melhor as minhas motivações e a dizer o "SIM" de forma informada e consciente. Cada passo dado, cada conversa partilhada, cada testemunho ajudou a dissipar o medo que antes me paralisava e a despertar uma coragem que estava adormecida dentro de mim.

Agora, estou ansiosa para esta nova etapa da minha vida. Em Moçambique, espero não deixar apenas um impacto positivo, mas também trazer de volta aprendizagens valiosas que me ajudem a ser uma agente de mudança na minha própria comunidade. A todos que compartilham deste sonho, convido-vos a refletir sobre a mensagem da JMJ 2023: "Não tenhais medo". Que este chamamento nos inspire a enfrentar os desafios com coragem e a fazer a diferença, onde quer que estejamos. Vamos juntos!