Arquidiocese de Braga -
30 dezembro 2024
Jubileu 2025 injeta reforço de esperança na desejada renovação da Igreja
DM - Francisco de Assis
A Sé Catedral, igreja mãe da Arquidiocese de Braga acolheu a cerimónia de abertura do Ano Santo jubilar
Começou ontem, em Braga, em Portugal e em todas as dioceses do mundo inteiro, o Ano Santo Jubilar 2025, sob o lema “Peregrinos de Esperança”, com base na bula papal “A Esperança não engana”. A Igreja de Braga e a Igreja Católica em geral têm programada uma grande dinâmica evangelizadora, com gestos concretos e centenas de atividades, na esperança que o Jubileu seja um período de graça que injete um reforço de esperança na tão almejada renovação da Igreja.
A cerimónia de abertura oficial decorreu entre a Igreja de São Paulo e a Sé Catedral de Braga e foi presidida pelo Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, acompanhado de vários sacerdotes e o povo de Deus de toda a Arquidiocese bracarense.
Um dos gestos que simboliza precisamente a esperança na renovação individual e coletiva foi a bênção da água na pia baptismal da Igreja Mãe, bem como a aspersão da água benta. Uma ação em jeito de desafio e convite à peregrinação até a pia baptismal onde cada um foi batizado, uma espécie de recomeço de uma vida nova como cristão.
A primeira parte da cerimónia decorreu na Igreja do Seminário de São Pedro e São. Depois, o povo de Deus da Arquidiocese de Braga, liderado pelo seu Bispo, seguiu em peregrinação até à Sé Catedral, onde D. José Cordeiro apresentou a Cruz aos fiéis com a expressão “Salvé, cruz de Cristo, única esperança”, ao que a assembleia respondeu: “Vós sois a nossa esperança, não nos confundais para sempre”.
Ainda na igreja de São Paulo, foi lido um excerto da Bula Papal do Ano Santo 2025. «Todos esperam. No coração de cada pessoa, encerra-se a esperança como desejo e expetativa do bem, apesar de não saber o que trará consigo o amanhã. Porém, esta imprevisibilidade do futuro faz surgir sentimentos por vezes contrapostos: desde a confiança ao medo, da serenidade ao desânimo, da certeza à dúvida. Muitas vezes encontramos pessoas desanimadas que olham, com ceticismo e pessimismo, para o futuro como se nada lhes pudesse proporcionar felicidade. O Jubileu seja, para todos, ocasião de reanimar a esperança»!
Na homilia, o Arcebispo Primaz vincou, igualmente, a festa da Sagrada Família, que a Igreja celebrou ontem. «A feliz graça do rito de abertura do Ano Santo Jubilar na celebração do domingo que se segue à Solenidade do Natal do Senhor, festa da Sagrada Família de Jesus, Maria e José, convoca-nos mais intensamente na Sé Primaz, mãe de todas a igrejas da Arquidiocese, como família de famílias», disse.
Algumas propostas jubilares concretas
D. José Cordeiro lembrou algumas propostas jubilares concretas, para ajudar à renovação.
O Arcebispo de Braga fez saber que a Bula de proclamação do Grande Jubileu do ano 2025, não se limita a falar de esperança, mas torna-a visível, enumerando alguns dos seus sinais como a paz, a transmissão da vida, o cuidado com os presos, os doentes, os jovens, os migrantes, os exilados, os refugiados e deslocados, os idosos e os pobres.
«O rito com o dom da água com que fomos aspergidos em memória viva do Batismo, inspira-nos para que este Ano de Graça seja uma ocasião feliz para cada um fazer uma peregrinação à fonte batismal onde foi batizado e de celebrar, na alegria da fé, o dia do aniversário do Batismo. O Ano Santo jubilar tem o grande sinal da porta santa e da cruz, âncora de salvação, escancaradas para acolher a todos, como grande passagem, isto é, como Páscoa da renovação pastoral e espiritual. O grande desafio do Cristianismo na atual pós-modernidade não é o ter as “igrejas vazias”, mas o ter as “igrejas permanentemente fechadas”. Não somos uma Igreja de números, mas de pessoas!»
Haverá Lausperene durante o ano jubilar nas igrejas da Arquidiocese
Assim, para manter as igrejas de portas abertas, e seguindo uma das conclusões do 5.º Congresso Eucarístico Nacional, que decorreu em Braga, foi feito um calendário de Lausperene Arquidiocesano para que, durante o ano Jubilar haja pelo menos uma igreja sempre aberta para adoração ao Santíssimo.
«Acreditámos que sem oração não há missão, por isso aceitemos o desafio desta rede de oração que conduza à renovação espiritual integral na nossa amada Arquidiocese», apelou o Arcebispo.
Por outro lado, D. José Cordeiro referiu-se às milhares de pessoas estrangeiras no território bracarense que nunca foram visitadas. «Cada um de nós, os grupos de Jovens, os movimentos podem abraçar este desafio da Igreja sinodal missionária. Neste Jubileu estou disposto a mudar, a acolher o dom do perdão e a dar gratuitamente o perdão?», questionou em jeito de desafio.
O prelado bracarense anunciou que hoje vai celebrar na Cadeia de Guimarães, como gesto de acolhimento de todos.
«Em nome da Igreja que peregrina em Braga, irei celebrar o Jubileu com os reclusos no estabelecimento prisional de Guimarães. Deus está onde cada um de nós está. A nossa sociedade precisa de uma Igreja que seja “hospital de campanha” pronta a socorrer, a cuidar, a abrigar, como já o foi em tantos momentos de crise», justificou.
Verbos que devem inspirar governos
Segundo D. José, a generosidade e o voluntariado precisam de ser desenvolvidos como vocação a servir. «Só uma sociedade com alma pode ser inclusiva, solidária e justa».
O Arcebispo referiu ainda que pessoas das periferias, sobretudo migrantes e refugiados, têm sido muito afetadas. «Daí a insistência em acolher, proteger, promover e integrar, «os quatro verbos em que se devem inspirar as políticas dos governos e as ações das sociedades de acolhimento».
D. José concluiu a homilia com uma espécie de oração e desejos para o Jubileu 2025. «Esperança é uma virtude que demanda exercício, mas é principalmente uma virtude teologal, ou seja, tem Deus como fundamento; é uma dádiva de Deus. Portanto, «que, na vossa fé, o Deus da esperança vos cumule de alegria e de paz, para que transbordeis na esperança, pelo poder do Espírito Santo», rezou D. José.
Partilhar