Arquidiocese de Braga -
27 janeiro 2025
Cerimónia na igreja de S. Vicente assinala final da Romaria e reforça fé no Santo Mártir
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DM - Carla Esteves
O mau tempo impossibilitou, ontem, a saída da tradicional Procissão de São Vicente, que encerra a Romaria em Honra do Santo Mártir, mas não impediu os devotos de demonstrarem a sua fé durante a cerimónia que estava destinada para o final do desfile religioso e que acabaria por substituir o mesmo para que não passasse em branco uma data que tanto diz aos paroquianos de S. Vicente e aos bracarenses em geral.
Na benção marcaram presença os membros da Rusga de S. Vicente, que impedidos de realizar a costumeira animação no adro da igreja, não deixaram de se trajar a preceito para entoar as mais belas músicas de louvor a S. Vicente, ao patrono S. João e a Nossa Senhora da Luz, que se venera no próximo fim de semana.
Segundo o pároco de S. Vicente, padre Rui Sousa, esta “solução de recurso” já estava equacionada, contando com a presença de representantes das instituições da freguesia, como a Irmandade de S. Vicente, a Rusga de S. Vicente, a catequese e os escuteiros, o Patronato da Senhora da Luz, a Junta e a Assembleia de Freguesia de S. Vicente, bem como os Arautos do Evangelho.
“Creio que, apesar do mau tempo, este foi um ano providencial, marcando o início do centenário da paróquia com festividades que, por força das condições meteorológicas, tiveram que ser mais voltadas para o interior”, avançou o padre Rui Sousa, acrescentando que “porém, foi uma oportunidade para olhar mais de perto a forma como São Vicente viveu, o seu modo de ser cristão e como é que ele nos pode inspirar para sermos cristãos hoje”.
Para o pároco de S. Vicente o balanço destas festividades é, por isso, positivo, apesar das adaptações que se tornou necessário fazer, mas que não prejudicaram as festas, nem a devoção.
O juiz da Irmandade de S. Vicente, José Diogo Lima, realçou que, ontem, foram admitidos sete novos Irmãos no decorrer da Eucaristia estatutária de S. Vicente, às 12h00, cumprindo, deste modo, o compromisso com a renovação que a Irmandade repete todos os anos, com a aceitação de novos irmãos neste dia.
“É uma forma de mantermos sempre viva esta comunidade de Irmãos, e de formarmos pessoas para transmitir as nossas tradições”, afirmou.
A mostra/venda de moletinhos e licor de S. Vicente, que estava prevista para o adro da igreja também teve que sofrer alterações, tendo transitado para o primeiro andar da igreja, mas foi possível angariar algum valor para as obras que ainda falta realizar na igreja, dando prioridade às salas anexas e à torre.
O presidente da Junta de S. Vicente, Daniel Pinto salientou a importância de viver e dar continuidade a um dos momentos mais altos da tradição religiosa na freguesia.
“Não se realizou a procissão por uma questão de segurança das pessoas e de todo este magnífico património que é importante preservar, mas também aqui, dentro de portas, agora com a igreja abrigada, um projeto de longa data que também já teve a sua concretização no ano passado, poderemos sentir da mesma forma aquilo que é viver a fé em honra do Mártir São Vicente, um momento que marca o calendário civil e que marca também o início das festividades e das festas religiosas do concelho”, disse o autarca.
Mostrando a sua satisfação pelo facto de a fogueira também se ter realizado, apesar do mau tempo, Daniel Pinto realçou o sentimento de comunidade e de união existente na freguesia, e que vem ao de cima nestes momentos.
S. Vicente prepara centenário da paróquia com dinâmica centrada na renovação
Depois da romaria em Honra do Santo Mártir, a paróquia de São Vicente prepara já as festas de Nossa Senhora da Luz, que se realizam no próximo fim de semana, e dá início a todo um programa comemorativo do centenário da paróquia de São Vicente, que se comemora em 2026.
Segundo o pároco, padre Rui Sousa, o programa ainda não se encontra totalmente fechado, até porque o objetivo é que seja dinâmico e, portanto, que se vá construindo, sobretudo com base na premissa da renovação da própria paróquia. Estão já a ser planeados alguns eventos, como um mega-convívio paroquial, provavelmente na altura do S. João, entre outros, mas nem só de eventos viverá este centenário.
“Não queremos que seja um programa de eventos apenas. Haverá alguns que já estão previstos, mas queremos, acima de tudo, que seja um programa de renovação da paróquia, na continuidade daquilo que já temos vindo a fazer, a partir de três palavras-chave”, afirmou o padre Rui Sousa, destacando o “encontro” como a primeira dessas palavras, no sentido de criar um sentimento de comunidade, proporcionar que as pessoas se encontrem, se sintam membros da comunidade cristã, através da articulação entre os diferentes grupos que já existem e da criação de outros.
A segunda ideia orientadora deste centenário será a “Proximidade”, criando dinamismos de proximidade e atração para atrair à paróquia quem possa estar a viver situações de maior fragilidade, ou aqueles que se afastaram da Igreja.
“Pensámos inclusivamente na criação de um gabinete de aconselhamento e acompanhamento, criando aqui uma plataforma de contacto, eu mais na linha espiritual, no sacramento da reconciliação e na direção espiritual, mas também com psicólogos que queiram articular-se connosco. Podemos criar uma linha de articulação sem perder a identidade cristã, uma estrutura na paróquia que permita o aconselhamento de pessoas que estão a viver momentos de fragilidade, como o luto, como a pobreza, a depressão, frustrações, desilusões, rupturas relacionais, tantas situações que podemos acompanhar”, explicou o padre Rui Sousa.
A terceira linha tem por base uma dinâmica de transformação, saindo de porta, com gestos simples, como rezar o terço em locais públicos, ter uma família evangelizadora em cada prédio a, entre outras ideias. O objetivo é que se promova o encontro e a proximidade, com vista à renovação.
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