Arquidiocese de Braga -

A Liga Operária Católica/Movimento de Trabalhadores Cristãos da Arquidiocese de Braga, realizou no dia 29 de março, em Vila Nova de Famalicão, um encontro de formação, rumo ao 19º Congresso Nacional que se realizará em Leiria nos dias 7 e 8 de junho, com o título: “Evangelizar Dignificando o Mundo do Trabalho”. 

Dos encontros realizados durante a 14ª Semana Temática, que antecedeu este encontro, nos diferentes grupos de LOC/MTC, os presentes partilharam as seguintes preocupações:

1.  A evangelização do mundo do trabalho

O mundo do trabalho é constituído por todas as idades das pessoas que dependem ou dependeram de um salário para viver e ajudar a viver: crianças, jovens, pessoas no ativo, reformados e idosos. Evangelizar é dar o seu testemunho através das palavras e de ações nos meios onde cada uma e cada um está inserido, no trabalho, no meio associativo e na sociedade em geral. 

Evangelizar o mundo do trabalho, na sociedade e no associativismo é uma luta diária e constante para que os direitos dos trabalhadores sejam cumpridos, os salários não sejam reduzidos, que os horários de trabalho sejam diminuídos e o descanso semanal reconhecido. O testemunho, o exemplo pessoal e coletivo são ferramentas eficazes de evangelizar. Não podemos esquecer-nos de ouvir os outros, de sermos mais humildes e respeitar as opiniões diferentes. A nossa família deve ser o primeiro local de evangelização. Não podemos esquecer os doentes, acamados, desalojados e migrantes, verdadeiros rostos de Cristo sofredor. A oração é muito importante na “arte” de evangelizar. A Palavra de Deus é a fonte da evangelização.

2. Motivos que nos levam a evangelizar o mundo do trabalho

Ter frequentado a JOC Juventude Operária Católica, deu-nos formação e ajudou a perder o medo de lutar pela justiça, pelo bem comum e a viver em permanente revisão de vida. Fazer parte da LOC/MTC, ajuda-nos a ligar a vida com o Evangelho de Jesus; o bem-estar da comunidade, ajuda a promover o bem comum, a justiça e liberdade pra todos de forma igualitária. As “Obras de Misericórdia devem ser a nossa conduta; criar espaços de silêncio e de oração, que alimentam a evangelização, com força para arriscar perante o que Jesus nos pede: “sede minhas testemunhas”; “envio-vos como cordeiros para o meio dos lobos.” Reconhecemos que não podemos evangelizar se primeiro não estivermos convertidos a Jesus. A evangelização é primeiramente conversão de quem é enviado a evangelizar. Uma das formas, será a conversão e lançar novas sementes de amor, capazes de germinar e dar frutos.

3. Viver a dignidade e lutar por ela

Devemos praticar a dignidade, ser exemplo da dignidade que nos vem de Deus, ser íntegros, estar ao serviço do próximo, ter respeito empatia junto daqueles com quem trabalhamos; não ter medo compartilhar a fé, no nosso local de trabalho, com a nossa família e no associativismo; a dignidade humana é um direito fundamental que deve ser protegido por leis e políticas públicas; todos temos um papel crucial na promoção da igualdade e na luta contra a discriminação. Viver e lutar pela dignidade é um processo contínuo que exige compromisso coragem e determinação. É um caminho que nos leva a construir um mundo mais justo e humano para todos.

4. Empresários – pessoas a dignificar

O padre Tiago Freitas, professor universitário na Faculdade de Teologia da UCP de Braga, convidado para o efeito, partilhou com os presentes que a dignidade do trabalho não passa apenas pelos trabalhadores, mas também pelos empresários, se eles forem dignos, também promovem a dignidade, referiu. Acrescentou que todos precisamos de trabalho e este é uma forma de contribuirmos para o aperfeiçoamento da Obra da Criação. Segundo o orador a nossa missão deve assentar em valores – os valores do evangelho, reforçou. Depois abordou toda a temática que gira à volta do trabalho, sem esquecer o tempo livre e os momentos de descanso. Temos que usar bem os nossos direitos; devemos falar mais da responsabilidade social das empresas, para que estas não esqueçam as suas obrigações; devemos verbalizar melhor as nossas vivencias no meio laboral e gerir melhor o nosso tempo, que para alguns passou a ser um “luxo”. O padre Tiago Freitas alertou ainda para a relação entre o trabalhador e o consumidor, interpelando sobre os artigos que compramos e qual a sua procedência, para evitar que por trás de algumas marcas também esteja a dignidade e que combata a exploração da pessoa trabalhadora noutras partes do mundo.

O encontro terminou com um convívio e partilha celebrando o encanto de estarmos unidos, que coincidiu com a festa de anos de uma militante do grupo de Calendário.

Vila Nova de Famalicão, 29 de março de 2025

A equipa coordenadora e o assistente da LOC/MTC

Firmina Moreira

Albano Cruz

Diác. José Maria Costa