Arquidiocese de Braga -

19 abril 2025

Santa Maria do Silêncio

Fotografia DACS

Laudes Sábado no Santo - Santa Maria - D. José Cordeiro

Perguntaram a uma criança: rezas a Deus?

Respondeu com um sorriso e olhos brilhantes: sim, todas as noites.

E que lhe pedes?

Nada. Não lhe peço nada. Apenas lhe pergunto se o posso ajudar nalguma coisa.

A história ajuda-nos a entender a oração de Maria, desde a Anunciação até ao Nascimento de Jesus. Ela é uma jovem mulher orante que vive em sintonia com Deus, a perguntar-lhe em que é que o pode ajudar no plano de salvação da humanidade.

À sua volta existe dispersão e ruído, mas Ela faz silêncio para escutar Deus. Também O louva na alegria. Maria ocupa um lugar privilegiado na história da salvação. Por isso, na Anunciação foi saudada como “a cheia de graça”, cheia de Deus.

Na apresentação de Jesus no templo de Jerusalém, oito dias após o nascimento, o velho Simeão dirigiu-se a Maria, sua mãe, e disse-lhe: «eis que Ele está aqui para a queda e o ressurgir de muitos em Israel e para ser um sinal de contradição – e uma espada trespassará a tua própria alma – a fim de se revelarem os pensamentos de muitos corações» (Lc 2, 34-35).

Aos 12 anos, Jesus encontra-se entre os doutores no templo e Lucas escreveu: «sua mãe conservava todas estas palavras no seu coração», seguiram-se 18 anos de silêncio.

«Os mistérios do cristianismo são um todo indivisível. Quem aprofunda um, acaba por tocar em todos os outros. Assim o caminho que parte de Belém procede até ao Gólgota, vai da manjedoura à cruz» (Edith Stein).

A Mater dolorosa, a Mãe com a espada no coração, é o modelo da com-paixão, que é fundamental na fé cristã, isto é, um não profundo à indiferença. Com a Virgem Santa Maria, Senhora das dores podemos aprender a autêntica compaixão, a sensibilidade e proximidade face ao sofrimento alheio.

+ José Manuel Cordeiro