Arquidiocese de Braga -

21 abril 2025

Reforma da Igreja em espírito sinodal vai condicionar eleição do próximo Papa

Fotografia DR

DM - Carla Esteves

Considera o padre Paulo Terroso, sacerdote da Arquidiocese de Braga e membro da Comissão de Comunicação da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos

O padre Paulo Terroso, sacerdote da Arquidiocese de Braga e membro da Comissão de Comunicação da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos, afirmou, ontem que, na sequência da morte do papa Francisco, a escolha do próximo Papa ficará, inevitavelmente, condicionada pela “reforma da Igreja, devidamente alinhada com o espírito sinodal”. 

Segundo o padre Paulo Terroso “é fundamental que se aplique este documento final, que foi aprovado pelo Papa Francisco no fim da 16.ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos”, reforçando que “enquanto estava no Hospital Agostino Gemelli, o Papa Francisco aprovou, entretanto, esta fase de implementação e avaliação da aplicação do documento final, num percurso que vai até 2028”. O sacerdote vinca que “a reforma da Igreja era altamente prioritária para o Papa Francisco, a transformação da Igreja em chave Sinodal”. “Não tenhamos medo de falar da ‘Reforma da Igreja’ porque é isso que está escrito no primeiro grande documento do Papa Francisco, Evangelii Gaudium, é a reforma da Igreja numa perspetiva missionária. É fundamental, é necessária. E por isso também vai ‘condicionar’, e acho que é mesmo este o verbo, vai ‘condicionar’ a eleição do próximo Papa”, sustentou o Padre Paulo Terroso, sublinhando que “a escolha tem que estar, evidentemente, alinhada com este espírito sinodal”.
Segundo o sacerdote, até 2028 conclui-se este percurso de implementação e avaliação, que vai terminar com uma Assembleia Eclesial. “Portanto, o caminho sinodal é o caminho que a Igreja, onde todos, o povo de Deus é sujeito da Igreja. Leigos e leigas, diáconos, padres, religiosos e religiosas e Bispos, fazem conjunto e os fiéis não são meros espectadores, os leigos não são meros espectadores, mas têm um papel, uma voz ativa na vida e na missão da Igreja”, argumentou.

Explanando com maior pormenor o processo de escolha do próximo Papa, o padre Paulo Terroso, esclareceu que “sempre que um Papa resigna, o que é um acontecimento excecional, ou um Papa, neste caso, falece, a sede vacante, ou seja, a Cátedra de Pedro fica vazia, e é sempre necessário eleger um Papa”. O funeral deve ser organizado em nove dias, seguido de um período de 15 a 20 dias de organização do conclave, durante o qual os cardeais eleitos, quase todos escolhidos pelo próprio Francisco, terão a difícil tarefa de eleger o sucessor. “Esse é o primeiro objetivo do Conclave. A partir de agora, o cardeal camerlengo, Kevin Farrel, atua como ‘Papa Interino’ e vai convocar os cardeais de todo o mundo, que vão eleger o Papa, portanto, aqueles que vão ter que participar em congregações, ou seja, reuniões, onde vão falar sobre a situação da Igreja, a situação do mundo, e a partir daí, começa- se a delinear o perfil”, revelou.

O padre Paulo Terroso alerta para o facto de que “na ordem do dia estará uma Igreja sinodal, este último Sínodo dos Bispos e a implementação desse Sínodo, sendo, por isso, esse um elemento importantíssimo para a escolha do sucessor de Pedro, para o perfil que se vai construir a partir dessas reuniões”.

Terminou, realçando que “o último Sínodo e esta última carta que é dirigida pelo secretário Geral do Sínodo dos Bispos, Mario Grech, para implementar e avaliar o Sínodo, que agora seria em maio, dando a conhecer o Vademecum, ou manual de princípios para aplicação do Sínodo, é determinante para a escolha do próximo Papa”.