Arquidiocese de Braga -

26 maio 2025

Igreja está atenta e a escutar o que os jovens têm para dizer

Fotografia DM

DM - José Carlos Ferreira

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família, D. Nuno Almeida, garantiu que a Igreja está atenta e a escutar o que os jovens têm para dizer.

A garantia foi dada por D. Nuno no final do Conselho Nacional da Pastoral Juvenil que decorreu em Braga nos dias 23 e 24 de maio. Falando à margem da iniciativa, o prelado disse que a Pastoral Juvenil está a fazer um percurso «muito belo» em que procura ser fiel ao que foi refletido no sínodo sobre os jovens, ou seja, «um caminho de escuta, atento e concreto daquilo que os jovens nos têm para dizer dos sonhos que têm, tanto no que respeita à vida na Igreja, mas também no que respeita à vida na sociedade». «Este foi, de facto, um conselho nacional dos mais belos que tivemos até hoje, e eu já participei em muitos. Por isso, vimos aqui uma Igreja primaveril, e não outonal. E isto dá-nos muitas razões para a esperança e nos responsabiliza muito», acrescentou.

Questionado sobre se a Igreja está preparada para ouvir os jovens, D. Nuno Almeida começou por lembrar que as Jornadas Mundiais da Juventude de Lisboa não foram um mera acontecimento. «Foi uma espécie de um grande laboratório. E essa experiência que foi feita deixou ficar processos e sementes que estão agora a frutificar, e nós apercebemo-nos disso. O que vivemos na JMJ abriu pontes entre muitas realidades do mundo dos jovens que estavam separadas. E criou-se uma rede, e essa rede está agora a dar fruto, mesmo que seja de uma forma mais discreta. A vida dos jovens agora deve ser feita no quotidiano, mas com esta alma aberta, e, ao mesmo tempo, sentindo que temos agora mais um evento importante, que vai ser o Jubileu, que já tem dez mil jovens portugueses inscritos, o que é também uma grande surpresa. Isto são sinais concretos que o caminho que se abriu na JMJ não parou», salientou o presidente da Comissão Episcopal do Laicado e Família.

Quadro referência para pastoral juvenil

Neste conselho nacional esteve presente o padre Rui Alberto para apresentar «o quadro de referência» para a Pastoral Juvenil. O sacerdote salesiano, especialista em Pastoral Juvenil  elaborou a primeira redação deste documento que foi aprovada pela Conferência Episcopal Portuguesa e agora está nas mãos dos jovens para apreciação e recolha de sugestões. «É um documento que põe por escrito aquilo que são as nossas, convicções, atitudes, aquela base comum mínima, necessária e suficiente, para fazer Pastoral Juvenil, isto é, para levar o Evangelho aos jovens».  Segundo vincou, o documento não é um projeto, mas sim uma base comum mínima, porque há muitas pessoas a fazer Pastoral Juvenil em Portugal e de formas diferentes, com sensibilidades diferentes. «Toda a gente tem direito de cidadania na Igreja, mas para não ficarmos numa certa atomização,  a falarmos de uma forma desencontrada, a ideia é ter um documento que diga que estas são as linhas com que nos cosemos. A partir disto, todos, como Igreja em Portugal, podem sonhar com um projeto, um fazer, um olhar para o futuro de forma diferente, tendo em atenção estas convicções e atitudes de base», explicou. O padre Rui Alberto referiu ao Diário do Minho que este é um documento em construção. A sua versão inicial, de que o sacerdote é o autor, passou pela CEP, que o aprovou. A partir daí, começou o processo de colocar o documento em circulação para que as pessoas olhem para ele e o possam analisar e dar sugestões. «Tem vantagens porque melhora o documento, mas, por outro lado, também vai socializando a noção de quadro de referência, que é uma coisa que não é muito habitual», disse, esperando-se que esteja concluído em abril de 2026.

Transformação em Igreja sinodal é um processo que leva tempo

O padre Paulo Terroso, membro da Comissão de Comunicação da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos entre 2021 e 2024, vincou ontem que «a transformação numa Igreja sinodal, onde o Povo de Deus é o sujeito da Igreja, leva tempo».

Esta foi uma das ideias que o sacerdote deixou na intervenção que realizou no Conselho Nacional de Pastoral Juvenil que decorreu em Braga. O sacerdote sublinhou que a implementação das orientações do documento final «é um grande desafio que exigirá o empenho constante a todos os níveis da Igreja». 

«O sucesso desta transformação dependerá da capacidade de cada comunidade de se apropriar desta visão sinodal e de introduzir práticas concretas adaptadas ao seu próprio contexto», acrescentou. Para o padre Paulo Terroso, o documento final da XVI Assembleia  Geral Ordinária dos Sínodo dos Bispos é muito mais do que um simples texto doutrinal. Para o sacerdote, «é um roteiro para uma profunda transformação da Igreja Católica, convidando-a torná-la mais participativa, mais transparente e mais missionária, mantendo-se fiel à sua essência e à sua missão fundamental». «E, a grande afirmação que sai deste documento final é: o Povo de Deus é o sujeito da Igreja. Todos nós, leigos e leigas, religiosos e religiosas, diáconos, padres, bispos temos um papel, uma voz ativa na missão e na vida da Igreja, e os leigos não são meros espectadores. Nós temos, de facto, de participar para sermos a manifestação da presença de Cristo no mundo», sublinhou. Na sua intervenção, deixou bem vincado que uma das coisas que é preciso para viver numa Igreja sinodal é tempo. «Nós vivemos no tempo da “Pastoral da Tamareira”. Ou seja, nós plantamos a tamareira para colher frutos daqui a 80 anos. Se nós estamos a trabalhar, temos que trabalhar em projetos de médio e longo prazo. É preciso temperança nos projetos pastorais, saber que não vamos ter resultados imediatos», porque estamos num período de erosão da Igreja, salientou.

Grupo Vita apresenta novos programas de prevenção

A coordenadora do Grupo Vita anunciou no Concelho Nacional de Pastoral Juvenil que irá apresentar no dia 30 de setembro em Lisboa e em Fátima o caderno de atividades “Girassol”, para o 1.º Ciclo, e o jogo digital “Lighthouse”, para crianças dos 10 aos 12 anos.

«Estes programas têm vindo a ser construídos com a ajuda daqueles a que chamamos embaixadores», ou seja, «catequistas, professores de Educação Moral e Religiosa Católica, padres e também temos uma Irmã responsável por uma congregação que está a rever os dois programas. É uma revisão final para estarmos todos tranquilos e seguros que o vocabulário, os conteúdos e os contextos estão adequados e alinhados com aqueles que são os valores e a missão da Igreja Católica, e que não há aqui nada que possa ser sentido como desajustado», explicou Rute Agulhas.

O “Girassol” é um caderno de atividades com sete temas, em que cada um tem três atividades e uma final de âmbito parental, para fazer em casa. As crianças são levadas a trabalhar as relações saudáveis, as emoções, as questões do corpo e da privacidade, os segredos e as estratégias da pessoa que pode agredir, a internet, as escolhas seguras, a comunicação e o pedir ajuda.

O jogo digital “Lighthouse” (farol, em inglês) trabalha praticamente os mesmos temas, sempre com o objetivo da prevenção dos abusos sexuais em crianças.