Arquidiocese de Braga -

25 julho 2025

Papa: a coragem e a tenacidade dos migrantes são testemunho heróico de fé

Fotografia Vatican News

Vatican News - Bianca Fraccalvieri

“Migrantes, missionários de esperança” é o tema da mensagem para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados.

Foi divulgada esta sexta-feira a mensagem do Papa Leão em vista do Dia Mundial do Migrante e do Refugiado, que neste Ano Santo será celebrado em coincidência com o Jubileu dos Migrantes e do Mundo Missionário, nos dias 4 e 5 de outubro.

O tema da mensagem retoma o lema do Jubileu e é uma oportunidade para o Santo Padre refletir sobre a relação entre esperança, migração e missão.

No texto, o Pontífice faz uma análise do atual contexto mundial, tristemente marcado por guerras, violência, injustiças e fenómenos meteorológicos extremos, que obrigam milhões de pessoas a abandonar a sua terra natal em busca de refúgio noutros locais.

Leão XIV alerta então para a tendência generalizada de cuidar exclusivamente dos interesses de comunidades circunscritas, ameaçando assim a partilha, a cooperação multilateral, e a solidariedade global.

Os desafios tornam-se ainda mais difíceis face à perspectiva de uma nova corrida ao armamento e ao desenvolvimento de novas armas, incluindo as nucleares, e à pouca consideração pelos efeitos nefastos da actual crise climática e das profundas desigualdades económicas.

Perante estes cenários assustadores, permanece no coração das pessoas o desejo de esperar um futuro de dignidade e paz, que é parte essencial do projeto de Deus para a humanidade, inaugurado por Jesus Cristo.

Para o Papa Leão, esta ligação entre migração e esperança revela-se claramente em muitas das experiências migratórias dos nossos dias.

A coragem e tenacidade dos migrantes e refugiados são testemunho heróico de uma fé que vê para além do que os nossos olhos podem ver e que lhes dá força para desafiar a morte nas diferentes rotas migratórias contemporâneas.

Além disso, os migrantes e refugiados recordam à Igreja a sua dimensão peregrina, em permanente busca da pátria definitiva, sustentada pela esperança.

E o Papa adverte: sempre que a Igreja cede à tentação da “sedentarização” e deixa de ser civitas peregrina – povo de Deus peregrino rumo à pátria celeste, como dizia Santo Agostinho –, deixa de estar «no mundo» e passa a ser «do mundo».

Leão XIV está convicto de que os migrantes e refugiados católicos podem, de modo particular, tornar-se missionários de esperança nos países que os acolhem, levando avante novos caminhos de fé onde a mensagem de Jesus Cristo ainda não chegou ou iniciando diálogos inter-religiosos.

E mais: com o seu entusiasmo espiritual, podem contribuir para revitalizar comunidades endurecidas e sobrecarregadas, nas quais avança de forma ameaçadora o deserto espiritual.

Citando São Paulo VI, o Papa Leão recorda que o primeiro elemento da evangelização é, geralmente, o testemunho. Trata-se de uma verdadeira missão, a missio migrantium. Por outro lado, também as comunidades que os acolhem podem ser um testemunho vivo de esperança, entendida como promessa de um presente e de um futuro em que seja reconhecida a dignidade de todos como filhos de Deus.

O Pontífice conclui a mensagem confiando migrantes e refugiados à proteção maternal da Virgem Maria, Socorro dos migrantes, assim como aqueles que se esforçam em acompanhá-los, “para que Ela mantenha viva nos seus corações a esperança e os sustente no seu empenho em construir um mundo que se assemelhe cada vez mais ao Reino de Deus, a verdadeira pátria que nos espera no fim da nossa viagem”.