Arquidiocese de Braga -

1. Gratidão 

Hoje, na Abertura Regional do Ano Escutista, convocam-nos gestos de gratidão. Ora, a este respeito, o inconfundível Roberto Benigni diz que demonstrar gratidão com moderação é um sinal de mediocridade. Na esteira de Herberto Helder, poeta contemporâneo, acreditamos que o tempo começa onde se une a vida à nossa gratidão.

Portanto, uma vez mais, a nossa enternecida gratidão a quem nos recebe, o Município de Vila Nova de Famalicão, mas também a quem idealizou este belo dia, a Junta Regional de Braga, em comunhão com a Junta de Núcleo de Vila Nova de Famalicão. As sinergias aqui convocadas recordam-nos que somos uns com os outros e seremos tanto mais humanos quanto mais nos responsabilizarmos e cuidarmos uns dos outros. Obrigado pela vossa entrega sem nunca esperar outra recompensa. 

2. Aos dirigentes, mãos que constroem esperança

Há uns dias, neste núcleo, na comemoração dos 85 anos do Agrupamento 227 de Carreira, afirmei, de modo consciente, entusiasmado e clarividente, que o escutismo é um movimento decisivo para a renovação pastoral inadiável da nossa amada Arquidiocese de Braga. Todavia, esta convicção traz ao CNE responsabilidades acrescidas na sua missão educativa e apostólica junto das crianças e jovens provenientes de famílias não-cristãs ou descristianizadas. 

O CNE tem de estar alerta e preparado para este desafio apostólico, de braços abertos para acolher, mas sabendo que acolher não é apenas deixar entrar, é estar predisposto a propor e a acompanhar. Neste sentido, são felizes as propostas pedagógicas, que me alegra saber que acolhemos, este ano escutista, na Região de Braga, e para as quais conto com a vossa presença. O ADRO, a 7 e 8 de fevereiro, que surge do desejo de se investir na formação pessoal e espiritual dos adultos com vista a uma profunda animação e vivência da fé nos agrupamentos.

E, claro, o ACAREG, que sonho que venha a ser um sinal de esperança para a Arquidiocese de Braga, testemunhando que a Igreja está viva, mas também uma agraciada oportunidade para cada escuteiro vivenciar que Deus é amor e está vivo e presente entre nós. 

Há um sinal de esperança que muito me alegra, e sinto que devo partilhá-lo convosco. Há dias, um pioneiro da nossa Região de Braga iniciou o discernimento vocacional, entrando para o Seminário Conciliar São Pedro e São Paulo…

3. A fraternidade e a liberdade 

A Celebração da Abertura Regional do Ano Escutista, hoje na icónica Cidade de Vila Nova de Famalicão, testemunha a todos quantos se cruzarem com os nossos escuteiros que o CNE oferece um inestimável contributo para a construção da fraternidade, para a defesa da liberdade e da dignidade de cada ser humano, acolhendo-o como irmão. 

Há 800 anos São Francisco de Assis escreveu uma oração, conhecida por Cântico das Criaturas, que gostaria de vos lembrar:

^«1 Altíssimo, omnipotente, bom Senhor, a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.² A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar e nenhum homem é digno de te nomear.³ Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o meu senhor irmão Sol, o qual faz o dia e por ele nos alumia.
⁴ E ele é belo e radiante, com grande esplendor: de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.⁵ Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas: no céu as acendeste, claras, e preciosas, e belas.⁶ Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento e pelo ar, e nuvens, e sereno, e todo o tempo, por quem dás às tuas criaturas o sustento.⁷ Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é tão útil, e humilde, e preciosa e casta.⁸ Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual alumias a noite, e ele é belo e jucundo e robusto e forte.⁹ Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas, e verduras.¹⁰ Louvado sejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações.¹¹ Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz, pois por ti, Altíssimo, serão coroados.¹² Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, à qual nenhum homem vivente pode escapar.¹³ Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Bem-aventurados aqueles que cumpriram tua santíssima vontade, porque a segunda morte não lhes fará mal.¹⁴ Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças e servi-o com grande humildade».

Caros dirigentes, que ofereceis generosamente a vossa vida, comprometendo-a no amor, fazendo dela um dom gratuito para os outros, para vós, a minha eterna gratidão. 

+ José Manuel Cordeiro