Arquidiocese de Braga -
23 outubro 2025
Arcebispo lembrou importância de S. Martinho na Igreja do seu tempo

DM - Rita Cunha
Celebrações religiosas aconteceram ontem na sé catedral.
A Arquidiocese de Braga celebrou ontem, 22 de outubro, a festividade de S. Martinho de Braga, padroeiro principal da Igreja bracarense. Na homilia da solenidade, que teve lugar na Sé Catedral, o Arcebispo Metropolita de Braga, D. José Cordeiro, lembrou a vida e ação do Santo enquanto bispo de Dume e Braga, considerando-o «fundamental para a Igreja do seu tempo».
Como exemplo, o Prelado salientou a importância de S. Martinho de Braga para a conversão dos suevos que dominavam a região. Fez ainda referência à sua obra “De correctione rusticorum”, no qual «mostra toda a sua inteligência, toda a sua cultura e toda a sua fé». «Com o texto procura reconduzir os batizados aos compromissos cristãos, uma vez que, esquecidas das promessas assumidas no dia do seu batismo, muitas pessoas entregavam-se aos costumes das crenças mágicas, em reminiscências que nem a cultura romana conseguiu apagar», referiu.
Nos dias de hoje, segundo D. José Cordeiro, «há também muitos batizados esquecidos das promessas assumidas no batismo e reassumidas de viva-voz no dia do Crisma». «Vivem como se Deus não existisse, agem como pagãos ou fazem um deus à sua medida e ao seu gosto pessoal, caindo na idolatria. Esta idolatria leva-nos a endurecer o coração, retirando Deus do centro das nossas vidas, e por consequência sendo incapazes de reconhecer os outros como irmãos, aos quais somos chamados a amar e a servir», afirmou.
Para o Arcebispo de Braga, «seguir a Cristo implica radicalidade, não no sentido de fazermos algo espetacular, que nos distinga dos outros, mas no sentido de provocar uma transformação total do nosso ser», o que «exige de nós um esforço, exige sacrifício, porque não nos é inato darmos a Deus a primazia nas nossas vidas e viver unicamente com a nossa confiança posta n’Ele».
Finalizou citando Santo Agostinho: «congratulemo-nos e dêmos graças a Deus, porque somos, não somente cristãos, mas Cristo. Compreendeis, irmãos, estais convencidos de que a graça de Deus reside em nós? Admirai, regozijai-vos; tornámo-nos Cristo. Ele é a cabeça, nós somos os membros. O Cristo total é Ele e nós... Quem é a cabeça e quem são os membros? É Cristo e a Igreja. Seríamos presumidos e soberbos tomando para nós esta dignidade, se ela não fosse prometida por Cristo».
Num terceiro ponto, D. José Cordeiro citou Luigi Maria Epicoco: «A fé não é um pouco de mel na boca para enganar o sabor de um comprimido amargo. Por vezes, é uma coisa que arde, como o sal numa ferida. Mas exatamente por isto impede-a de “apodrecer”. Somos chamados a ser sal, e não mel».
Aqui, o Arcebispo de Braga defendeu que, «se queremos ser luz para o mundo, temos então de iluminar aquilo que no mundo, na Igreja, e em nós precisa de se converter ao Evangelho». «Se queremos ser sal da terra não podemos ficar pelas meias medidas, inclusive sobre nós próprios, mesmo sabendo que ser sal vai fazer com que a ferida arda; mas ao ser sal estamos a dar o primeiro passo para a cura dessa ferida, a qual nos impede a fidelidade total ao Evangelho», vincou.
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