Arquidiocese de Braga -

14 dezembro 2025

Novo livro de Rui Ferreira revela a alma do Natal na cidade de Braga

Fotografia DM

DM - Rita Cunha

“O Natal em Braga” foi lançado ontem, na Basílica dos Congregados

Um livro que não se limita a descrever o Natal mas, antes, o respira, traduzindo-lhe a alma, mostrando que esta época na cidade não se limita ao interior dos templos. Foi desta forma que os padres João Torres e Paulo Terroso se referiram à mais recente obra da autoria do bracarólogo Rui Ferreira, ontem apresentada, com sala cheia, na Basílica dos Congregados. 

“O Natal em Braga”, editado pelo Ponto Braguez, conta com arte gráfica de Ana Amorim e, na sua capa, pode ser visto o presépio do retábulo de Nossa Senhora das Dores, exposto na Basílica dos Congregados. 

Trata-se, nas palavras do padre João Torres, de uma obra «que nasce da certeza de que o Natal começa quando alguém decide ver mais fundo, escutar mais devagar e deixar-se tocar pelo que não grita». 

«Rui Ferreira não fotografa o Natal, transcende-lhe a alma. Oferece-nos uma obra que não descreve apenas o Natal, mas respira-o», disse, lembrando que «o Natal é sempre uma decisão nossa: deixamos, ou não, que ele aconteça em nós». «Não há Natal neutro: ou nos transforma ou se torna decoração; ou se converte ao essencial ou fica reduzido a luzes», vincou.

Para o «sacerdote mais natalício» – nas palavras de Rui Ferreira –, “O Natal em Braga” «não se impõe, mas convida; não explica tudo, abre espaço». «Ao terminar a leitura fica o desejo de peregrinar e deixar que cada lugar descrito se torne encontro», disse, considerando que esta obra é «um convite a viver o Natal».

O sacerdote destacou ainda um «traço comum» que percorre cada página da obra: «o Natal de Braga tem mãos». «Mãos de artesãos que moldaram terracotas, mãos de irmãos de confrarias que ergueram altares, mãos de pintores que abriram céus inteiros em caixotões e painéis de azulejo. Mãos de gente simples que nunca estudou teologia, mas que conhecia o Mistério, não por livros, mas por intimidade. E, por isso, o Natal em Braga não é apenas um acontecimento religioso, mas um ato contínuo de criação», salientou.

Dividido em três temas - “Lugares que evocam o Natal”, “O presépio na arte bracarense” e “O Natal braguês” –, este livro explora lugares, expressões artísticas e práticas do Natal no território bracarense, pretendendo ajudar a viver de forma mais intensa esta quadra.

Desde a Capela do Pai Natal à antiga devoção a S. Nicolau, passando pelo templo antigo da Nossa Senhora-a-Branca onde podem ser encontrados os únicos presépios monumentais durante todo o ano e não esquecendo a pequena Capela do Presépio, presépios quase que “escondidos”, mas também as ruas, os bairros e as freguesias que mantêm viva a tradição dos presépios movimentados. Estes são algumas das curiosidades que o livro desvenda, página por página.

O padre Paulo Terroso, reitor da Basílica dos Congregados, deu nota que «o Natal em Braga não se entende sem o percurso de Rui Ferreira», o qual considerou «uma das vozes mais sólidas no estudo da cidade de Braga», cuja formação em Filosofia, Património e Turismo Cultural «lhe deu ferramentas», mas sobretudo o «trabalho no terreno». «Durante mais de uma década, [Rui Ferreira] fez o que poucos fazem fazem: estudar Braga a partir de dentro, cruzando história, religiosidade, património. O Rui serve Braga, tem uma relação quase esponsal com a cidade», disse, sublinhando o que a sua vasta bibliografia ligada ao território onde nasceu tem em comum: «não trata as festas como folclore decorativo. Nunca escreve sobre eventos mas processos; não descreve o que acontece mas pergunta porque aconteceu e ainda acontece», sublinhou.

Sobre “O Natal em Braga”, o padre Paulo Terroso considerou-o «o resultado de um trabalho longo, consistente e reconhecido» que «não repete o que todos sabem, mas ajuda a decifrar». «Braga tem sido lida a partir da Semana Santa, mas faltava um olhar estruturado e sensível sobre a Natividade. (...) O Rui pega no que é nosso e devolve-nos como descoberta», frisou.

O autor, Rui Ferreira, agradeceu a presença de todos os presentes e, em particular, aos padres Paulo Terroso e João Torres, incumbidos de apresentarem a obra, por representarem o que entende que deve ser a igreja de Jesus Cristo: «uma igreja de portas abertas». 

Sobre a obra, cuja ideia nasceu há dois anos, relembrou o «gozo» que sentiu ao escrevê-la, ao «fazer um roteiro natalício de lugares que se calhar já conhecemos, mas do ponto de vista natalício». «É uma forma criativa de mostrar o vasto património que esta cidade tem. Espero que ajude a descobrir o Natal em Braga», referiu.

Rui Ferreira, natural de Braga, é autor de diversas obras. Entre os vários cargos que ocupou, destacam-se o de presidente da Associação de Festas de S. João e de fundador do Ponto Braguez e da associação Braga Mais.