Arquidiocese de Braga -

7 outubro 2019

Francisco pede que o Espírito Santo não seja expulso do Sínodo

Fotografia AP Photo/Andrew Medichini

DACS com Crux Now

O Vaticano planeia reflorestar uma parte da floresta amazónica de forma a compensar a pegada de carbono criada pelo Sínodo.

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O Papa Francisco abriu hoje os trabalhos do Sínodo da Amazónia criticando fortemente ideologias que desrespeitam as culturas nativas e indígenas e instando os bispos e outros participantes para não expulsar o Espírito Santo do auditório enquanto decorre o Sínodo.

Francisco definiu a visão que tem para o Sínodo dos Bispos, afirmando que estes não são "sobre quem tem mais poder para impor os seus próprios planos e ideias". "Um Sínodo é caminhar juntos", disse, "seguindo o sopro do Espírito Santo. O Espírito Santo é o principal autor do Sínodo, por isso não vamos expulsá-lo do auditório."

Nesse espírito, o pontífice pareceu pedir aos 185 bispos e cerca de cem outros participantes no Sínodo para terem cuidado ao falar com os jornalistas durante o período em que decorre esta assembleia especial de bispos.

"Pode ser prejudicial sair do auditório dizer simplesmente o que se pensa sem reflectir sobre isso", declarou, acrescentando que "temos visto isso noutros sínodos" antes de pedir aos participantes para serem prudentes. O Papa referiu ainda que, no passado, tem havido a impressão de existir um sínodo dentro do auditório e outro fora.

O Papa Francisco avisou também os participantes da "arma perigosa" da ideologia. "É reductora e leva-nos a exagerar a nossa pretensão de compreender intelectualmente [uma cultura], mas sem aceitar, compreender sem admirar, compreender sem assumir", disse o Papa, que apontou a essas ideologias que "servem para dividir, aniquilar e destruir" a culpa da "exterminação da maioria de pessoas indígenas" na Amazónia.

Francisco notou também que esse desrespeito não está confinado ao passado, revelando que ouviu este Domingo uma queixa em tom de gozo sobre as penas que um dos nativos usou na sua cabeça dentro do Vaticano, questionando "qual é a diferença entre isso e os barretes usados por alguns dos cardeais dos nossos dicastérios".

O pontífice lamentou o que chamou de tendência a ver algumas culturas como "civilizações de segunda classe", algo que "nos distância das realidades de um povo e nos separa deles, o que é desrespeito".

A última admoestação do Papa aos participantes do sínodo foi no sentido de "não perder o sentido de humor", algo que o próprio exemplificou quando explicou que, depois de cada quatro discursos, será feita uma pausa de quatro minutos para silêncio, dizendo que recebeu alguns avisos de que essas pausas seriam perigosas porque fariam os participantes adormecer.

"No sínodo sobre os jovens, vimos que foi ao contrário. Adormeceram durante os discursos, pelo menos durante alguns deles, e acordaram para o silêncio."

Os bispos e outros participantes receberam um pequeno saco branco, feito inteiramente de fibras naturais, com o logótipo do sínodo, como sinal do carácter verde do encontro. O Vaticano planeia também reflorestar uma parte da floresta amazónica de forma a compensar a pegada de carbono criada pelo Sínodo.