Arquidiocese de Braga -

29 março 2019

Fome e epidemias são principais preocupações da Cáritas em Moçambique

Fotografia Lusa

DACS com Agência Ecclesia

O secretário-geral da Cáritas de Moçambique incentiva ao auxílio em meios financeiros, enviados directamente para o país lusófono.

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O secretário-geral da Cáritas de Moçambique considera que a fome e as epidemias são a principal preocupação na resposta à destruição provocada pelo ciclone Idai, com particular incidência na cidade da Beira.

“Há muita fome, isso é uma verdade. Os que estão a distribuir alimentos – algumas instituições do Governo, ONG – encaram um desafio, há muita gente a precisar, mas a comida ainda não chega…”, disse Santos Gotine, convidado de uma entrevista conjunta da Rádio Renascença e da Agência Ecclesia, publicada e emitida hoje.

O responsável chama a atenção para a incapacidade das organizações não-governamentais (ONG) em satisfazer, neste momento, as necessidades alimentares de toda a população afectada pelo Idai.

Santos Gotine afirma que a situação no terreno se está a normalizar, indicando as maiores necessidades, de momento: “O que faz mais falta é comida, tendas para alojar aqueles que perderam as suas casas e não têm abrigo, e também os kits de higiene e água”.

A passagem do ciclone Idai em Moçambique, no Zimbabwe e no Malawi fez pelo menos 786 mortos e afectou 2,9 milhões de pessoas nos três países, segundo dados das agências das Nações Unidas. Moçambique foi o país mais afetado, com 468 mortos e 1.522 feridos contabilizados pelas autoridades, que dão ainda conta de mais de 127 mil pessoas a viverem em 154 centros de acolhimento, sobretudo na região da Beira, a mais atingida.

Para Santos Gotine, os números ainda são muito prematuros e com pouca exactidão: “Ainda não há acesso a certas zonas. Existem helicópteros a sobrevoar e barcos a navegar, onde é possível chegar, mas também há dificuldades”, acrescenta.

Apesar da água estar a baixar e algumas estradas já estarem transitáveis, o responsável mostra-se apreensivo com as descargas da barragem de Cahora Bassa, na ordem dos 3 mil metros cúbicos por segundo.

À violência da tempestade sucede agora a ameaça das doenças, como a cólera, que tende a aumentar onde a água potável não está acessível. Santos Gotine diz que esta é uma área prioritária na acção da Cáritas no terreno: “Vamos ter uma máquina industrial de purificação de água, que vem de Espanha, e vamos dando o nosso contributo, mas a verdade é que este problema está a surgir em quase todas as zonas atingidas, tanto pelo ciclone como pelas cheias”.

Para este responsável, o problema é ainda mais grave, porque as pessoas perderam tudo, observando que “mesmo para um simples processo de tratamento, que é ferver a água, algumas pessoas não têm panelas”.

O secretário-geral da Cáritas de Moçambique incentiva ao auxílio em meios financeiros, enviados directamente para o país lusófono. “Quando as coisas vêm de fora, há muitos gastos feitos em transporte, às vezes mesmo para questões alfandegárias tem havido muitos problemas, tenho assistido a isso. Se formos a ver, o valor do custo de transporte podia ser utilizado nas pessoas afectadas”, explica.