Arquidiocese de Braga -

11 outubro 2021

Cardeal Turkson faz apelo para acabar com o “estigma” da doença mental

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral publicou uma mensagem por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, celebrado a 10 de Outubro.

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Por ocasião do Dia Mundial da Saúde Mental, no dia 10 de Outubro, o prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, o Cardeal Peter Turkson, publicou uma mensagem dizendo que o dia visa “chamar a atenção para as desigualdades que existem no tratamento e cuidado de pessoas com doenças mentais”. Um problema que significa que “entre 75% e 95% das pessoas com transtornos mentais não podem aceder aos serviços de saúde mental” em países com rendimentos baixos e médios.

 

Violação dos direitos humanos

“Estereótipos, desconhecimento de questões específicas e desinformação” acompanham as pessoas doentes, denuncia o prefeito que lembra que “em todo o mundo, muitas violações dos direitos humanos são cometidas contra pessoas com transtornos mentais: homens e mulheres de todas as idades que já sofrem o estigma e a discriminação a que estão sujeitos, o que leva ao isolamento e à marginalização”. Destaca, nesse sentido, a taxa de suicídio entre jovens.

“Estima-se que antes da pandemia de Covid-19 quase um bilião de pessoas em todo o mundo sofriam de transtornos mentais”, afirmou. Agora, as restrições de saúde “têm sido outra causa de solidão das pessoas com transtornos mentais”.

“O aparecimento da pandemia, com profundas consequências para toda a população mundial, é apenas o factor precipitante de uma crise multidimensional que tem a sua origem em políticas sociais, de saúde e económicas inadequadas”, observou. Além disso, “com a emergência sanitária, surgiram novas pobrezas que se somam às já conhecidas fragilidades sociais, principalmente pela falta de trabalho”.

 

Uma comunidade de Bons Samaritanos

“Está comprovado que a pobreza e a desigualdade afectam o desenvolvimento psicológico e a saúde mental das pessoas”, afirma. Portanto, “para reduzir a incidência de transtornos mentais associados às desigualdades sociais, é necessária a adopção de políticas que visem a melhoria do ambiente físico e social dos nascituros, bem como das condições de vida na primeira infância, na idade escolar, no período de realização de planos familiares e ambições profissionais, e na idade adulta”.

“Apelo a que sejam tomadas medidas para acabar com este estigma, tanto pessoal como familiar, abordando as causas que conduzem à rejeição e ao isolamento”, afirmou.

“Todos nós somos chamados a estarmos próximos dos nossos irmãos e irmãs com transtornos mentais, a lutar contra todas as formas de discriminação e estigmatização contra eles”, acrescentou.

“As palavras do Santo Padre dizem-nos que a lógica do descarte e da rejeição é uma lógica que subverte a justiça social no mundo”, explicou o cardeal, que aplica a insistência do Pontífice ao caso dos doentes.

“Isto ressalta a necessidade de abandonar o paradigma de desenvolvimento actual para adoptar um modelo cultural que coloque a dignidade humana novamente no centro e promova o bem para as pessoas e para toda a humanidade. É tempo de mais uma vez cuidar da fragilidade de cada homem e mulher, de cada criança e de cada idoso, com a atitude atenta e solidária do Bom Samaritano”, propôs, por fim, pedindo que “uma comunidade de Bons Samaritanos” seja formada.

Artigo de Mateo González Alonso, publicado no Vida Nueva Digital a 10 de Outubro de 2021.