Arquidiocese de Braga -

19 janeiro 2022

Paróquia católica ajudou famílias de reféns durante sequestro em sinagoga no Texas

Fotografia

DACS

Os quatro reféns na Congregação Beth Israel escaparam no sábado à noite depois de um impasse de 10 horas entre o sequestrador e a polícia.

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A certa altura durante o sequestro de uma sinagoga em Colleyville, no Texas, a 15 de Janeiro, os líderes de várias religiões, junto na igreja da Comunidade Católica do Bom Pastor, nas imediações, chegaram a uma discussão teológica sobre porque é que más coisas acontecem a boas pessoas.

A união que teve lugar na igreja naquele dia entre líderes das comunidades judaica, islâmica, cristã e católica – orando lado a lado e apoiando-se durante 12 horas – foi, para o padre Michael Higgins, um ponto positivo de uma situação trágica.

“Precisamos mesmo de reconhecer o que temos em comum e parar de estar tão zangados e agarrados às coisas que nos dividem para concentrar mais naquilo que nos une – a nossa crença comum em Deus”, disse Higgins.

Os quatro reféns na Congregação Beth Israel escaparam no sábado à noite depois de um impasse de 10 horas entre o sequestrador e a polícia. O suspeito, o britânico Malik Faisal Akram, de 44 anos, foi morto pelas autoridades após a fuga dos reféns.

O envolvimento de Higgins e da comunidade do Bom Pastor começou pouco antes do meio-dia, quando as autoridades perguntaram se podia albergar as famílias dos reféns. Higgins deu-lhes um espaço privado no salão da igreja, a cerca de 800 metros da sinagoga. A partir daí, os líderes de várias confissões foram e vieram, os funcionários da paróquia chegaram para atender as chamadas e muitas pessoas deixaram refeições para as famílias.

“O sentimento era de que estes são os nossos vizinhos”, disse Higgins. “Nós apenas estávamos a tentar estar presentes, dar-lhes o espaço que precisavam para se apoiarem uns aos outros e estar lá para quaisquer necessidades pessoais que tivessem”.

Higgins descreveu a experiência de “ver a dor que as famílias estavam a atravessar” como “algo que sublinha a fragilidade da vida”. Entretanto, todos andavam “em pulgas a encorajar-se uns aos outros durante o dia” até ao fim da tarde, quando souberam que toda a gente estava segura.

“Era um ambiente muito inspirador e solidário e quando finalmente soubemos que o sequestro estava resolvido, houve um alívio colectivo, abraços, orações, agradecimentos a Deus”, explicou Higgins. “Foi simplesmente um grande alívio e celebração”.

O bispo Michael Olson, de Fort Worth, afirmou que está “grato” pela resposta de Higgins e da Comunidade do Bom Pastor, e acrescentou que se junta aos “líderes religiosos de todas as fés no alívio e felicidade pelo salvamento em segurança dos reféns”.

Um dos reféns era o rabino Charlie Cytron-Walker, da Congregação Beth Israel, que Higgins descreveu como “amigo da comunidade”. As comunidades católica e judaica em Colleyville têm, diz, uma relação próxima há muitos anos.