Arquidiocese de Braga -

19 maio 2022

Vítimas suíças de abuso sexual do clero lutam para quebrar o silêncio

Fotografia SAPEC

DACS com La Croix International

Um grupo de apoio a vítimas de abuso sexual relacionado com a Igreja na Suíça francófona está a tentar ajudar as pessoas que foram agredidas a denunciarem os crimes.

\n

A Suíça tem um processo formal em vigor desde 2016 para ajudar pessoas abusadas sexualmente por padres e membros de ordens religiosas. Mas tem sido extremamente desafiante para os grupos de vítimas convencer aqueles que foram agredidos a apresentarem-se.

Um grupo da parte francófona do país chamado SAPEC – uma associação de apoio a pessoas abusadas durante uma relação com alguém numa posição de autoridade religiosa – realizou a sua assembleia geral na segunda-feira e reflectiu sobre como pode melhorar o trabalho que começou em 2010.

Isto já foi oito anos depois de as seis dioceses católicas da Suíça e duas abadias territoriais criarem comissões para ajudar as vítimas de abuso.

2010 foi também o ano em que os bispos suíços reconheceram as suas responsabilidades e pediram perdão às vítimas.

Os bispos e a SAPEC criaram então a “Comissão de Escuta, Conciliação, Arbitragem e Reparação” (CECAR) em 2016 com o apoio de membros do parlamento Suíço.

 

Reconhecimento

Cerca de 50 vítimas apresentam-se a cada ano. Houve ainda mais do em 2021, graças ao impacto do relatório da Comissão Independente da França sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE).

Entre 300 a 400 vítimas receberam assistência do CECAR desde a criação da comissão. Não só podem receber pagamentos financeiros, mas também podem receber aconselhamento e até participar em programas voltados para a reconciliação com os seus agressores.

Para permitir o trabalho da comissão de reparação, a Conferência Episcopal Suíça (CES), a União dos Superiores Religiosos Maiores da Suíça e a Conferência Central Católica Romana da Suíça criaram um fundo inicial de 500.000 francos suíços (€460.000).

 

Investigação dos arquivos

Embora o mecanismo seja eficaz, o trabalho do banco de dados ainda está atrasado.

De acordo com a SAPEC, o acesso aos arquivos das dioceses e congregações religiosas deve ser incentivado e as vítimas devem ser encorajadas a apresentarem-se de forma mais proactiva.

Reconhecendo que “muitos actos foram ocultados e as vítimas ignoradas”, os bispos comprometeram-se no mês passado a abrir os arquivos das dioceses, designando dois historiadores para este trabalho de análise.

É uma investigação inicial que, aos olhos das vítimas, ainda é muito tímida.

Durante a recente assembleia geral, os cerca de 60 membros da SAPEC – que incluem vítimas e familiares – insistiram que a Igreja se deve concentrar mais na prevenção, na formação e informação.

Jacques Nuoffer, presidente da SAPEC, disse: “As vítimas devem quebrar o silêncio”.

Artigo de Christophe Henning, publicado no La Croix International a 18 de Maio de 2022.