Arquidiocese de Braga -

2 junho 2022

Cardeal mexicano Felipe Arizmendi: diante da violência, é urgente educar para a fraternidade

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

Diante de eventos como os homicídios cometidos por jovens nos Estados Unidos, ou como os que ocorrem no México, ligados ao narcotráfico, o cardeal pede para se incutir a fé em Deus e práticas de respeito e solidariedade com os outros.

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O cardeal mexicano Felipe Arizmendi pediu aos pais, educadores, catequistas e pastores que eduquem para a fraternidade, em casa, escolas, grupos, paróquias e até nos média.

Referindo-se em particular aos homicídios perpetrados por jovens nos Estados Unidos, bem como à violência no México, o Cardeal Arizmendi considerou que se está a cair em “níveis incontroláveis” e questionou: “o que se passou connosco, o que temos que atingiu tanta degradação?”.

Lamentou, por exemplo, que muitos dos membros de cartéis e grupos criminosos se digam crentes e devotos da Virgem, mas a sua conduta seja totalmente contrária à fé que dizem professar. “Se eles realmente levassem Deus em consideração, as suas vidas seriam muito diferentes”, acrescentou.

O bispo emérito de San Cristóbal de las Casas (Chiapas) considerou que nesta situação é urgente educar para a fraternidade, incutindo a fé em Deus e as práticas religiosas, juntamente com o respeito ao próximo, a solidariedade com os mais necessitados e a unidade familiar acima de tudo.

“Com o tempo colheremos uma vida mais tranquila, uma sociedade mais harmoniosa, uma paz social em que todos colaboramos para construir”, assegurou.

 

Degradação que chegou às instituições

Para o cardeal mexicano, grande parte das pessoas que ameaçam a vida alheia vem de famílias desintegradas, com a ausência de um pai que lhes incutiu trabalho, honestidade, respeito pelos outros, “ou tiveram uma mãe que dizia sim a tudo, que nunca lhes impôs uma disciplina sadia, que não os educou para uma convivência social saudável, para a solidariedade com os pobres, para a vida em comunidade”.

A tudo o que já foi referido acrescenta-se “a degradação que tem permeado as instituições da sociedade que fazem tudo o que podem para desvalorizar a vida e a família, como se fossem coisas do passado”.

 

O SCJN e a legitimação da injustiça

Neste sentido, lamentou que recentemente o Supremo Tribunal de Justiça da Nação (SCJN) tenha declarado inconstitucionais alguns artigos de legislaturas locais que defendem a vida desde a concepção.

“A Corte diz que os Estados não têm o poder de definir quando começa a vida humana e o que é uma pessoa; e que, portanto, é legal abortar, como direito da mulher”.

Afirmou que o órgão máximo de justiça no país se deveria chamar Supremo Tribunal de Constitucionalidade, não de Justiça, já que está a legitimar uma grave injustiça, que é destruir uma vida humana que já é uma realidade desde a concepção.

“Se a vida dos fracos e inocentes no útero não é respeitada, porque nos surpreendemos se há tanta violência, destruição e morte na vida nacional?”, questionou.

Arizmendi sublinhou que “a violência irá gerar sempre mais violência, as armas irão produzir a morte, e a guerra nunca é a solução, mas sim um problema, uma derrota”.

“É preciso ajudarmo-nos mutuamente, porque em cada um, em cada tradição religiosa, assim como em cada sociedade humana, há sempre o risco de guardar rancor e alimentar a contenda contra os outros, e de fazê-lo em nome do absoluto e até mesmo de princípios sagrados”, concluiu.

Artigo de Miroslava López, publicado em Vida Nueva Digital a 1 de Junho de 2022.