Arquidiocese de Braga -

27 junho 2022

Os três adjectivos de Francisco para o ecumenismo: baptismal, pastoral e local

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

Papa recebeu a Comissão Internacional Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.

\n

O Papa Francisco recebeu em audiência os membros da Comissão Internacional Conjunta para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais.

“Estais prestes a concluir um importante estudo sobre os sacramentos, um documento que demonstra a existência de um amplo consenso e que, com a ajuda de Deus, poderá marcar um novo passo em direcção à plena comunhão”, disse Francisco, antes de passar a enumerar os três adjectivos em que, na sua opinião, se enquadra o ecumenismo.

 

1. Um ecumenismo baptismal

“É no baptismo que se encontra o fundamento da comunhão entre os cristãos e o desejo de uma plena unidade visível”, explicou o Papa. Da mesma forma, assinalou que é “graças a este sacramento” que os cristãos “podem afirmar com o apóstolo Paulo” que todos foram “baptizados num só corpo por um só Espírito”.

“Acho essencial avançar para o reconhecimento mútuo deste sacramento fundamental”, acrescentou.

 

2. Um ecumenismo pastoral

“Entre as nossas Igrejas, que partilham a sucessão apostólica, o amplo consenso encontrado pela vossa Comissão não apenas sobre o baptismo, mas também sobre os demais sacramentos deve encorajar-nos a aprofundar o nosso ecumenismo pastoral”, disse Francisco.

Nesse sentido, para o Papa, mesmo sem estar em plena comunhão, “já foram assinados acordos pastorais com algumas Igrejas Ortodoxas Orientais, que permitem aos fiéis participar nos meios da Graça”.

“Isso foi possível olhando para a realidade concreta dos membros do Povo de Deus e para o seu bem, superior às ideias e diferenças históricas: olhando para a importância de garantir que ninguém fique sem os meios da Graça”, explicou, reconhecendo que isto também é “um desafio”, especialmente em contextos “em que os fiéis se encontram em situação de minoria e diáspora”.

 

3. Um ecumenismo que já existe como realidade local

“Muitos fiéis – estou a pensar sobretudo nos do Médio Oriente, mas também nos que emigraram para o Ocidente – já vivem o ecumenismo da vida no quotidiano das suas famílias, do seu trabalho, das suas visitas quotidianas”, assegurou o Papa.

Por isso, “o ecumenismo teológico deve reflectir não só sobre as diferenças dogmáticas que surgiram no passado, mas também sobre a experiência actual dos fiéis”.

Por outras palavras, para Francisco “o diálogo da doutrina poderia ser teologicamente adaptado ao diálogo da vida, que se realiza nas relações locais e quotidianas das Igrejas, que constituem um verdadeiro lugar teológico”.

Artigo de Elena Magariños, publicado em Vida Nueva Digital a 23 de Junho de 2022.