Arquidiocese de Braga -
29 junho 2022
Emilce Cuda: “Existe um pequeno sector que se recusa a ouvir as mulheres”
DACS com Vida Nueva Digital
A secretária da Pontifícia Comissão para a América Latina é especialista em aprofundar a teologia do povo sobre a qual se baseiam os fundamentos intelectuais do pontificado de Bergoglio.
A primeira leiga argentina a obter um doutoramento pontifício em Teologia Moral partilha a liderança executiva desta plataforma curial com o filósofo mexicano Rodrigo Guerra.
De facto, este título foi assinado por Jorge Mario Bergoglio, então Grão-Chanceler da Universidade Católica da Argentina (UCA).
A professora de Teologia da Pontifícia Universidade Católica da Argentina e da Universidade St. Thomas (Estados Unidos) é reconhecida como uma das maiores especialistas em analisar o pensamento do Papa, já que desenvolveu as suas investigações para aprofundar a teologia do povo em que são lançadas as bases intelectuais do pontificado de Bergoglio, chegando à publicação do livro “Ler Francisco: teologia, ética e política”.
No entanto, foge de tal reconhecimento. Além disso, a assessora do CELAM é apreciada no continente por actualizar a Doutrina Social da Igreja na área política.
Um dos 12 grandes desafios da Assembleia Eclesial é “promover a participação dos leigos nos espaços de transformação cultural, política, social e eclesial”. Esta promoção já é perceptível no dia-a-dia da Igreja?
Sim, a participação já é perceptível na Igreja latino-americana, porque a sinodalidade na América Latina começou em meados do século XX e trata-se de um continente com muita experiência em caminhar em conjunto, por isso sobrevive.
Como participante da Primeira Assembleia Eclesial da América Latina e do Caribe, o que acha que o Sínodo sobre a Sinodalidade pode aprender com este processo?
Na minha opinião, tem que ver com o que acabei de dizer, aproveitando – repito e insisto – a rica experiência que a Igreja latino-americana tem de caminhar em conjunto, algo que já dura décadas.
Da sua perspectiva agora na Cúria Romana, é uma realidade que os leigos deixaram de ser “católicos de segunda classe” na Igreja?
Os leigos não são “católicos de segunda classe” na Igreja; os leigos sempre estiveram, estão e estarão presentes, porque assim é a Igreja. Agora, certamente, há um discurso que os torna invisíveis, mas isso é outra coisa.
Cada vez mais mulheres estão inseridas nas estruturas onde as decisões são tomadas. Sente-se ouvida actualmente?
Sinto-me ouvida como mulher, e sempre me senti ouvida: pelos meus pares, pelos meus colegas e pelas pessoas. Há um pequeno sector relutante em ouvir as mulheres, mas também há muitos que estão do nosso lado, especialmente o Papa Francisco.
Artigo de Rubén Cruz, publicado em Vida Nueva Digital a 29 de Junho de 2022.
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