Arquidiocese de Braga -

28 setembro 2022

Bispos franceses expressam “preocupação” com a eutanásia em reunião com Macron

Fotografia DR

DACS com La Croix International

O arcebispo Eric de Moulins-Beaufort, líder dos bispos católicos de França, reuniu-se com o presidente Emmanuel Macron e reiterou a “preocupação” com os planos do país em legalizar o suicídio assistido.

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O arcebispo Eric de Moulins-Beaufort, presidente da Conferência Episcopal Francesa (CEF), reuniu com o presidente Emmanuel Macron para expressar as opiniões dos líderes católicos sobre a proposta de legislação para permitir a eutanásia.

“Conseguimos reiterar a nossa preocupação com este projecto de lei de fim de vida”, disse o secretário-geral da CEF, o padre Hugues de Woillemont, que acompanhou o arcebispo à reunião de terça-feira no Élysée Palace.

O padre confirmou que o tema da questão do fim de vida estava no centro das suas discussões com Macron.

 

“Disposição para ter um debate aberto”

O padre Woillemont disse que o presidente francês lhes disse que esperava “não dividir a sociedade” sobre o assunto.

“Nesta fase, seja a ministra Agnès Firmin Le Bodo, com quem nos encontramos na segunda-feira, 26 de Setembro, ou o presidente, estamos a ouvir a disposição de terem um debate aberto”, disse o secretário-geral da CEF.

Agnès Firmin Le Bodo é a ministra francesa responsável pelas profissões de saúde.

“Damos-lhes crédito e teremos que verificar isso nas próximas semanas”, disse o padre Woillemont.

A reunião desta semana ocorreu duas semanas depois de o Comité Consultivo Nacional de Ética (CCNE) publicar o seu parecer de que a “morte activamente assistida” poderia ser aplicada em França “sob certas estritas condições”.

E também veio alguns dias depois de Sacha Houlié, presidente da comissão de lei, dizer ao La Croix que o parlamento se reserva no direito de aprovar a lei mesmo que a convenção dos cidadãos diga “não” à legalização da morte activamente assistida.

Durante a reunião com Macron, os responsáveis da CEF defenderam o desenvolvimento e a promoção de cuidados paliativos enquanto o presidente Francês ouvia e tomava notas.

O arcebispo de Moulins-Beaufort disse que o chefe de Estado “partilha desta preocupação, em geral, mas insiste na necessidade de hoje se reflectir sobre o caso de pessoas conscientes, mas que sofrem de uma doença incurável, que, livremente, depois de terem falado com a sua família e com a concordância dos médicos, sentem que não querem viver os últimos meses que lhes restam”.

 

Ucrânia e o relatório de abusos sexuais em França também estiveram na agenda

Os responsáveis da Igreja basearam-se no raciocínio da CEF num artigo recentemente publicado no Le Monde, um dos principais jornais franceses, expressando o “desejo de que toda a sociedade dê um sinal de ajuda para viver e não de ajuda para morrer”.

“Acreditamos que não é com a tecnologia que podemos resolver essa ansiedade que todos temos diante da morte, mas com mais fraternidade”, destacou o padre Woillemont, secretário-geral da CEF.

Por outro lado, não foram discutidas as formas de mobilização da Igreja, que se opõe à legalização do suicídio assistido ou da eutanásia.

Além das questões de fim de vida, a delegação da CEF e o presidente Macron também discutiram a situação internacional.

Os responsáveis da Igreja falaram da sua visita de 16 a 19 de Setembro a Kiev, bem como o acompanhamento do relatório emitido pela Comissão Independente da França sobre Abuso Sexual na Igreja (CIASE), “em particular com a implantação do reconhecimento e reparação órgãos da CEF e da Conferência de Religiosos e Religiosas da França (CORREF)”.

Artigo de Arnaud Bevilacqua, publicado no La Croix International a 29 de Setembro de 2022.