Arquidiocese de Braga -

18 outubro 2022

Papa Francisco irá realizar diálogo sinodal com estudantes de nove países africanos

Fotografia Vatican Media

DACS com NCR

A reunião é um esforço para continuar o compromisso do Sínodo de ouvir diretamente as vozes em toda a Igreja Católica.

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O Papa Francisco irá promover um diálogo online com estudantes de todo o continente africano no próximo mês, como acompanhamento de uma conversa virtual que começou no início deste ano com jovens de todas as Américas.

A reunião é um esforço para continuar o compromisso do Sínodo de ouvir diretamente as vozes em toda a Igreja Católica.

A 1 de novembro, Francisco irá reunir-se com estudantes de nove países africanos e cerca de 27 instituições africanas participantes no “Construir pontes em África: um encontro sinodal entre o Papa Francisco e estudantes universitários”, sob o tema “Ubuntu: uma cultura de encontro. Todos nós pertencemos”.

“Acreditamos que este é um momento kairós para os jovens ouvirem o líder visível da Igreja Católica e oferecer um novo mandato, um novo apelo à ação e uma nova missão”, disse o padre nigeriano Stan Chu Ilo, da Rede Pan-Africana de Teologia Católica e Pastoral e um dos principais organizadores do diálogo Papal.

Em fevereiro, Francisco realizou uma ampla discussão sobre migração e mudanças climáticas durante quase duas horas com estudantes universitários católicos de todas as Américas, o que fez crescer os esforços da Loyola University Chicago em participar Sínodo dos Bispos de 2021-23 sobre a sinodalidade.

O encontro serviu não apenas como uma oportunidade para os estudantes terem uma troca de ideias improvisada com o Papa, mas também para construir pontes entre estudantes universitários e professores nos continentes americanos.

O diálogo, que os funcionários da universidade acreditam ter sido o primeiro deste tipo que Francisco manteve com uma universidade sediada nos EUA, chamou a atenção de professores e teólogos em África. Durante um importante simpósio de teologia no Quénia, em julho, começaram a surgir planos para outro diálogo com participantes de todo o continente africano.

“É consistente com a ênfase na conversão missionária que o Papa Francisco estabeleceu como o foco central do seu pontificado”, disse Ilo, que também é professor e investigador de Cristianismo Mundial e Estudos Africanos no Centro de Catolicismo Mundial e Teologia Intercultural da DePaul University, de Chicago.

Ilo observou que Francisco falou com frequência sobre a impressão que os jovens deixaram nele durante as suas viagens pela África e expressou o seu desejo de que novos movimentos na Igreja surgissem de África.

“Quem mais pode encarnar isso melhor do que os jovens?”, perguntou Ilo. “Eles são os ombros sobre os quais a nova igreja africana pode realmente arrancar”.

Servindo como elo entre o evento inicial em fevereiro e o próximo diálogo no próximo mês está a teóloga argentina Emilce Cuda, secretária da Pontifícia Comissão do Vaticano para a América Latina, que convidou o Papa a participar no diálogo inaugural. Parte da função de Cuda no Vaticano é construir pontes entre as Américas do Norte, Central e do Sul.

Cuda, que também é professora adjunta da Loyola University Chicago, disse que vê esses diálogos com os jovens como a personificação do apelo do Papa Francisco à construção de uma cultura de encontro.

“Isso abre dois caminhos para o encontro”, disse ela ao NCR, “primeiro entre as Américas e agora liga a América Latina a África, que é uma parte extensa do Sul Global”.

Não apenas os jovens de África poderão dialogar com Francisco, mas o diálogo irá ligar os estudantes africanos aos estudantes das Américas que fizeram parte do diálogo papal inicial para uma colaboração contínua.

“Os jovens estão no topo do seu magistério, na minha opinião”, disse Cuda. “Para ele, os jovens podem mudar as situações, as relações e a economia. Para Francisco, os jovens são o presente, não o futuro”.

“E ele ama os jovens, amou sempre”, acrescentou. “Era assim quando ele era padre, bispo e cardeal na Argentina”.

Os organizadores do encontro com o papa observam que até mesmo o planeamento e a execução do evento foram de natureza sinodal, o que significa que envolveu a escuta e a participação das partes interessadas no Vaticano, nas Américas e em África.

Além da Pontifícia Comissão para a América Latina e da Rede Pan-Africana de Teologia Católica e Pastoral, na organização também estão o Dicastério para a Comunicação do Vaticano, a Secretaria Geral do Sínodo, o Centro de Catolicismo Mundial e Teologia Intercultural da DePaul University e a Loyola University Chicago.

“Começou como uma iniciativa para acompanhar os estudantes através do processo sinodal”, disse Peter Jones, reitor interino do Instituto de Estudos Pastorais da Loyola University Chicago. “E, dando um passo de cada vez, surgiram novas oportunidade”.

“Ver que isto se desenvolve significa muito sobre a nossa comunidade e sobre a sensibilidade espiritual do Papa Francisco, no que se refere ao seu desejo de que este sínodo sobre a sinodalidade faça as pessoas ouvirem-se e encontrarem-se de maneiras específicas”, disse ao NCR.

Ver o diálogo expandir-se para outro continente, disse, significa que “algo está a correr bem”.

“Aproveitamos um espírito que não é sentido apenas pelo Papa Francisco, mas por pessoas de todo o mundo”, acrescentou Jones.

Ilo disse ao NCR que mais de mil estudantes das 27 instituições africanas já estiveram envolvidos no processo.

Mais importante, observa, o diálogo papal não será apenas um evento único, mas parte de um programa de um ano que continua a construir as ligações entre estudantes de outros continentes e forma grupos de estudantes para levar a mensagem de Francisco e traduzi-la para responder às questões sociais além das suas universidades, nas suas paróquias e comunidades.

Embora Jones e Cuda tenham dito que nunca esperavam que o diálogo de fevereiro com Francisco tivesse um efeito tão grande, observaram que irão continuar a expandir a discussão e a partilhar a sua metodologia com outros continentes e organizar futuros diálogos papais, supondo que Francisco concorde em continuar disponível para o fazer.

“Existem muitas instituições dirigidas por adultos mais velhos que não fornecem uma plataforma a jovens ou recém-chegados”, disse Jones. “Mas são os jovens e os recém-chegados que podem ver as coisas pelo que são, tomando as coisas menos por garantidas, e empurrando as instituições para novas formas de atividade”.

Ilo concordou: “Nós realmente negligenciamos esta massa crítica”, disse. “Os jovens querem ação. Os jovens são agentes de mudança e querem trabalhar”.

Artigo de Christopher White, publicado no National Catholic Reporter a 13 de Outubro de 2022.