Arquidiocese de Braga -

7 maio 2021

Crianças separadas pela administração Trump vão voltar para as famílias

Fotografia

DACS com Crux

Uma mãe guatemalteca ficou “incrédula” quando foi informada de que se reuniria com o seu filho. Outra família hondurenha não via os filhos há três anos.

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Na 51ª Conferência anual de Washington sobre as Américas, a 4 de Maio, o secretário do Departamento de Segurança Interna dos EUA, Alejandro Mayorkas, disse que quatro famílias de migrantes que permaneceram separadas sob uma política do governo Trump estariam entre as primeiras a reunir-se no início de Maio pelo governo de Biden.

Mayorkas foi encarregado encetar os esforços necessários para reunir mais de mil famílias afectadas. “Ao identificá-las, vamos reuni-las”, afirmou durante uma conferência online organizada pelo Conselho das Américas.

Embora o governo ainda não tenha divulgado muitos detalhes, as autoridades disseram que uma das crianças reunidas é das Honduras e outra do México.

As crianças e respectivas famílias foram separadas por uma política implementada pela administração Trump em meados de 2018 na fronteira dos Estados Unidos com o México, tendo como objectivo impedir as travessias ilegais da fronteira.

O procurador-geral de então, Jeff Sessions, disse que as pessoas que corressem o risco de entrada indevida estariam sujeitas a ter os seus filhos levados, caso fossem apanhadas. Pelo menos 2.300 sofreram esse destino até aos tribunais intervirem e ordenarem que essa política cessasse, procurando assim a reunião das pessoas separadas.

Funcionários da administração Trump disseram que 2.342 crianças foram separadas de 2.206 pais na fronteira EUA-México entre 5 de Maio e 9 de Junho de 2018 como parte da política de separação familiar de "tolerância zero". Algumas pessoas, no entanto, dizem que o número exacto permanece desconhecido.

A Igreja Católica, juntamente com grande parte do país, condenou a política. Os organismos da Igreja também defenderam e participaram na reunificação de algumas famílias. No auge da crise, em 2018, um grupo de bispos dos EUA visitou a fronteira, incluindo centros de detenção onde algumas das crianças estavam detidas. Organizações católicas como a Catholic Legal Immigration Network, conhecida como CLINIC, participaram no esforço de reunificação.

Numa entrevista publicada a 3 de maio no The Washington Post, Ann Garcia, uma advogada da CLINIC, lembrou como uma mãe guatemalteca para quem ligou ficou “incrédula” quando foi informada de que se reuniria com o seu filho.

Através do Twitter, a organização também publicou outro relato de Garcia sobre uma família hondurenha que seria reunida: uma mãe que não via os filhos há três anos.

“Foi necessário um exército de advogados, pessoas de fé e uma mudança nos mais altos escalões do governo para reunir esta família”, disse Garcia, de acordo com tweets na conta da CLINIC.

Em comunicado, o grupo disse que “as famílias separadas – reunidas ou ainda separadas – ainda estão a sofrer com o trauma da separação”.

Outras organizações católicas, incluindo a Migration and Refugee Services da Conferência de Bispos Católicos dos EUA, a Catholic Charities USA e uma rede de outras agências religiosas de todo o país também tentaram reunir as famílias novamente.

 

Artigo de Rhina Guidos, publicado no Crux a 6 de Maio de 2021.