Arquidiocese de Braga -

15 junho 2021

“O neto do migrante que rejeitam pode ser o avô de um futuro cardeal”, avisa D. Tagle

Fotografia DR

DACS com Vida Nueva Digital

O cardeal filipino e presidente da Caritas Internacional garante que a campanha “Partilhar a viagem” difundiu “uma nova cultura de encontro pessoal” com os deslocados.

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A campanha “Partilhar a viagem”, lançada há quatro anos pela Caritas Internacional, “ajudou a desenvolver e difundir globalmente uma nova cultura do encontro pessoal, uma nova visão de acolher a pessoa humana no migrante”. Foi com estas palavras que, na terça-feira, o cardeal Luis Antonio Tagle, prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos e presidente da referida organização de caridade, comentou a conclusão desta iniciativa.

Neto de um emigrante chinês que viajou para as Filipinas em busca de um futuro melhor, Tagle comoveu-se na sala de imprensa da Santa Sé ao falar das suas próprias raízes e depois disse com humor que quem hoje rejeita os estrangeiros “deve ter cuidado”, já que “o neto do migrante que rejeitam pode ser o avô de um futuro cardeal”. Também celebrou a forma como a campanha da Caritas Internacional promoveu “um grande momento de encontro, solidariedade, memória e, acima de tudo, uma expressão do amor da Igreja pelas pessoas em movimento”.

 

Pessoas com nomes e sonhos

A iniciativa tem ajudado também a “alcançar os migrantes, abraçar a sua pobreza e sofrimento e dar-lhes a convicção de que não são números, mas sim pessoas com nomes, histórias e sonhos”. Depois de relembrar as visitas que fez nos últimos anos a campos de refugiados na Grécia, Síria, Jordânia e Bangladesh, o purpurado filipino assegurou que o fim da campanha é um apelo a “continuar o caminho com os migrantes, especialmente aqueles que se encontram em momentos de maior dificuldade. A campanha termina formalmente, mas a missão continua”.

Na mesma linha, Aloysius John, Secretário Geral da Caritas Internacional, explicou que a iniciativa não se destinou apenas a "acolher e oferecer hospitalidade aos migrantes", mas também a "mobilizar e motivar" a opinião pública para que realiza acções concretas de solidariedade. “A migração é uma oportunidade”, sublinhou John, destacando como a campanha recentemente concluída teve como objetcivo “mudar corações e plantar sementes de consciência e abertura para os outros”.

 

As causas da migração

Bruno-Marie Duffé, secretário do dicastério do Serviço de Desenvolvimento Humano Integral, também participou na conferência de imprensa, assinalando que qualquer programa de migração deve incluir um apelo às causas: “conflitos, violência de guerra, pobreza, desigualdade, corrupção, tráfico, abuso, negligência política…".

Maria de Lurdes Lodi Rissini, coordenadora nacional da Caritas na África do Sul, está bem ciente das consequências desses problemas. Esta freira explicou como o país é destino regular de muitos migrantes, que encontram trabalho na economia informal, razão pela qual foram particularmente atingidos pelas restrições causadas pela pandemia. Doze mil migrantes receberam assistência da Caritas para conseguirem fazer face às suas necessidades básicas desde a eclosão da pandemia de Covid-19.

Artigo de Darío Menor, publicado em Vida Nueva Digital a 15 de Junho de 2021.