Arquidiocese de Braga -

23 setembro 2021

Conselho Indígena Missionário desmente discurso de Bolsonaro na ONU

Fotografia CIMI

DACS com Vida Nueva Digital

Entidade eclesial denuncia que “a realidade em que vivem os povos indígenas, sob o actual governo, é de violência”.

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O Conselho Indígena Missionário (CIMI), entidade vinculada à Conferência dos Bispos, desmentiu o discurso de Jair Bolsonaro, presidente do Brasil, na inauguração da 76ª Assembleia Geral da ONU, a 21 de Setembro. O Conselho garante que “foi evidente o choque entre a declaração fictícia e a realidade vivida pela maioria dos brasileiros”.

Esta discrepância é sobretudo visível quando Bolsonaro diz que “uns 600 mil indígenas vivem em plena liberdade nas suas terras, que os indígenas aspiram viver da «agricultura» e que 80% dos indígenas já estão vacinados no Brasil, o que não é verdade”.

 

Nem um centímetro de terra para os indígenas

Além disso, a política anti-indígena do presidente brasileiro remonta à sua campanha, após ter prometido que, se eleito, “não demarcaria nem um centímetro de terra indígena; desde 2018, de facto, nenhuma terra indígena foi regularizada”.

Portanto, “ao contrário da versão apresentada no discurso do presidente, a realidade dos povos indígenas que vivem no Brasil, no actual governo, é de conflitos, violência e de ausência de direitos”.

“O diálogo com os povos e as suas organizações foi negado a partir de uma visão integracionista e preconceituosa, que nega a identidade e a autonomia dos povos indígenas no Brasil”, acrescentou o Conselho.

Perante a frase “vivendo em liberdade nas suas terras”, a entidade reitera que “todas as acções deste governo visaram inviabilizar ou reduzir o direito de demarcação e usufruto exclusivo dos povos indígenas sobre as suas terras tradicionalmente ocupadas”.

 

Continuar a apoiar os povos indígenas

O CIMI também denunciou que o Projecto de Lei da Câmara Federal (PL) 191/2020, para regulamentar a exploração dos recursos minerais e hídricos em territórios indígenas, bem como legislações semelhantes, foram elaborados “sem a participação dos povos indígenas e estabeleceram novos conflitos territoriais”.

Portanto, como resultado dessas acções, “os indígenas foram surpreendidos pelo aumento da invasão de territórios por mineiros, madeireiros, loteamentos, construção de estradas e agroindústria”.

“Este avanço decorreu com o apoio explícito do actual governo, e a meio de uma crise sanitária desencadeada pelo coronavírus”, explicou o Conselho.

“Apelamos à sociedade nacional e internacional para continuarem a apoiar a luta pela realização dos direitos dos povos indígenas, com possibilidades reais de termos um meio ambiente mais saudável e equilibrado com a vida no planeta, a nossa Casa Comum”, concluiu o CIMI.

Artigo de Ángel Alberto Morillo, publicado em Vida Nueva Digital a 22 de Setembro de 2021.