Arquidiocese de Braga -

29 setembro 2021

Bispo inglês diz que a proposta de lei de suicídio assistido coloca “os mais vulneráveis” em risco

Fotografia Roman Kraft

DACS com Crux

D. Richard Moth diz que um projecto de lei para legalizar o suicídio assistido “levanta sérias questões sobre a capacidade da sociedade de proteger os mais vulneráveis”.

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Numa carta pastoral publicada a 26 de Setembro, o bispo Richard Moth, da Diocese de Arundel & Brighton, disse que o Projecto de Lei do Suicídio Assistido, actualmente em discussão na Câmara dos Representantes, deve ser combatido pelos católicos britânicos.

“É importante que tomemos medidas para desafiar esta legislação proposta. É também vital que afirmemos o nosso apoio ao melhor cuidado possível no fim da vida, incluindo apoio espiritual e pastoral para os que estão a morrer e para as suas famílias”, disse o bispo.

A legislação proposta permitiria que pacientes terminais nos seus últimos seis meses de vida cometessem suicídio medicamente assistido com a permissão de dois médicos e um juiz. Em 2015, um projetco de lei semelhante foi apresentado na Câmara dos Comuns – que detém o verdadeiro poder no Reino Unido – e derrotado por uma votação de 330 a 118.

“A Igreja Católica continua a opor-se a qualquer forma de suicídio assistido. É um crime contra a vida humana e não podemos escolher directamente tirar a vida a outra pessoa, mesmo que ela o solicite”, disse Moth.

“O projecto de lei que está a ser considerado levanta sérias questões sobre a capacidade da sociedade em proteger aqueles que são mais vulneráveis. Devemos perguntar-nos como é que a lei pode garantir que uma pessoa está livre de pressão para terminar a sua vida prematuramente devido a percepções sobre “qualidade” ou “valor” da vida, e não sentirá a necessidade de agir por “ser um fardo” para a família e para a sociedade em geral. Neste contexto, é importante para todos nós chegarmos àqueles que se sentem isolados ou solitários, permitindo-lhes reconhecer  o seu valor e a contribuição que a sua experiência e sabedoria trazem aos outros”, acrescentou o bispo.

Moth apontou para o impacto da legislação do suicídio assistido introduzida em outras partes do mundo, incluindo a Bélgica, o Canadá e o estado americano do Oregon.

“As evidências mostram que a introdução de leis para «pequenos números de casos»inevitavelmente levou a um crescimento exponencial daqueles que procuram a «morte assistida». O estado do Oregon viu um aumento de 1.075% em «mortes assistidas» entre 1998 e 2019, a Bélgica teve um aumento de 925% entre 2002 e 2019, e no Canadá o aumento em apenas quatro anos entre 2016 e 2020 foi de 648%”, disse.

“Esses números são profundamente preocupantes e são acompanhados por uma expansão dos fundamentos, incluindo suicídio assistido para crianças, doenças não terminais e doenças psiquiátricas não terminais. Não devemos ter dúvidas de que qualquer legislação que permita o suicídio assistido no nosso próprio país levar-nos-ia na mesma direcção”, afirmou o bispo.

Moth disse que a maioria das preocupações apresentadas pelos proponentes do suicídio medicamente assistido podem ser resolvidas por bons cuidados de fim de vida.

“Este país tem uma excelente tradição e experiência em cuidados no final de vida, enraizadas no cuidado e na compaixão que estão no centro da nossa humanidade. Isso acontece quando está disponível o melhor atendimento possível, para que todos possam chegar ao fim das suas vidas com o melhor alívio da dor, rodeados pela família, seja no hospital, hospício ou em casa. A prestação deste cuidado deve ser uma prioridade”, afirmou.

 

Artigo de Charles Collins, publicado no Cruz a 27 de Setembro de 2021.