Arquidiocese de Braga -

18 maio 2022

Vaticano ordena reforma de comunidade religiosa após escândalo de abusos

Fotografia DR

DACS com La Croix International

As “Fraternidades Monásticas de Jerusalém”, uma série de comunidades fundadas em Paris em 1975, estão a passar por uma reforma imposta pelo Vaticano depois de o falecido fundador do grupo ter sido acusado de abuso.

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O Vaticano ordenou uma reforma das Fraternidades Monásticas de Jerusalém (FMJ), uma “família de comunidades” criada em Paris em 1975 e agora localizada em toda a Europa e no Canadá.

Segue-se a uma “visita apostólica” para investigar as alegações de abuso sexual contra o falecido fundador da FMJ, o Irmão Pierre-Marie Delfieux (falecido em 2013).

Em 2019, a associação religiosa iniciou o seu próprio processo interno de denúncia que deveria esclarecer o abuso.

Mas não teve sucesso e um novo centro de escuta independente foi estabelecido em 2021 por insistência da Arquidiocese de Paris.

A Congregação para os Institutos de Vida Consagrada do Vaticano, em Roma, enviou então o padre Bruno Cadoré, ex-líder internacional dos dominicanos, e a irmã Emmanuelle Maupomé, psicóloga e líder das Irmãs Auxiliares da França e da Bélgica, para realizar a visita apostólica.

Depois de terem entregue as suas conclusões, vão agora “acompanhar um processo de discernimento e reforma” como “assistentes apostólicos” ao lado de Jean-Christophe Calmon, prior dos irmãos FMJ, e Rosalba Bulzaga, priora das irmãs FMJ.

 

Redefinir o carisma

“Esta é a ajuda de que precisávamos”, explicou o Ir. Gregory, director de comunicação da FMJ. “Uma coisa é fazer um balanço do que não está bem. Corrigir erros e evoluir é outra, que não é fácil fazer a partir de dentro”, afirmou.

Ao Pe. Cardoré e à Irmã Maupomé está a ser-lhes pedido para aproveitarem a sua longa experiência de vida religiosa para ajudarem as comunidades FMJ a renovarem o seu carisma como “monges e freiras na cidade”.

Após o escândalo de abusos em torno do falecido fundador da FMJ, as comunidades devem rever o seu modelo de governação interna e, mais amplamente, a natureza das suas próprias vocações.

“Temos que redefinir o nosso carisma após a crise de abusos na nossa comunidade e na Igreja, num mundo que está a mudar a toda velocidade”, disse o irmão Grégoire, que pertence à comunidade FMJ em Estrasburgo.

“É um teste e também uma fonte de maior dinamismo espiritual”, disse.

 

De Paris a Montreal

As Fraternidades de Jerusalém têm cerca de 50 irmãos e 150 irmãs, a maioria dos quais vivia em comunidades mistas de homens e mulheres.

Há quatro comunidades em França – Paris, Estrasburgo, Mont-Saint-Michel e Vézelay – e quatro noutros países – Florença (Itália), Colónia (Alemanha), Varsóvia (Polónia) e Montreal (Canadá).

Artigo de Christophe Henning, publicado no La Croix International a 17 de Maio de 2022.